Segundo senador cassado desde o fim da ditadura (1964-1985), o goiano Demóstenes Torres (PTB) voltou ao noticiário por meio de um vídeo em que, munido de uma garrafa de três litros, dá um banho de champanhe na enteada em uma “festa de despedida” em Goiânia. Filmado por um dos colegas da moça, que festejava a aprovação para o curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o episódio ganhou as redes sociais e foi reportado pela imprensa local, o que Demóstenes classificou como “palhaçada”.
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O ex-senador disse ao Congresso em Foco que “uns 30 universitários” participaram da festa para comemorar a aprovação e se despedir da colega. “É uma menina menor de idade que eu crio desde menina, e que para mim é uma filha. É uma festa de despedida com os amigos dela. Então eu fiz essa homenagem a ela”, relatou Demóstenes, que planeja sua volta ao Congresso depois de obter uma vitória na Justiça em relação ao seu posto no Ministério Público, depois de quatro anos afastado das funções. “Algum amigo filmou ingenuamente, sem maldade. E aí, na rede, alguém achou que era bacana esse ‘trem’ de fazer palhaçada, digamos assim.”
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No vídeo abaixo, de pouco mais de dez segundos, Demóstenes despeja o conteúdo de uma garrafa de três litros de um champanhe que varia entre “R$ 800 e R$ 1,2 mil”, como ele mesmo avaliou. E o banho não foi só privilégio da enteada, informou o próprio ex-senador. “Fiz isso também com as minhas duas outras sobrinhas que passaram em vestibular para Medicina, e hoje são médicas. Então… Isso é uma bobagem.”
O ex-parlamentar, que chegou a liderar a bancada do DEM no Senado, aproveitou o contato da reportagem para ironizar os valores noticiados na imprensa goiana. “Agora, se vocês acharem alguma garrafa [de champanhe] de R$ 15 mil, como estão publicando aí, você me avisa. Se acharem de R$ 5 mil, me avisa”, acrescentou, aos risos.
Caso Cachoeira
PublicidadeRecentemente filiado ao PTB, Demóstenes reassumiu, em 29 de junho de 2017, o cargo de procurador de Justiça do Ministério Público de Goiás, em Goiânia, depois de quase cinco anos afastado, e entrou automaticamente em férias. A convocação foi feita pelo procurador Marcos de Abreu e Silva, em ato publicado no Diário Oficial do MP-GO. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, a decisão foi feita em cumprimento à determinação do Tribunal de Justiça de Goiás que revogou a liminar que o mantinha impedido de exercer a função.
Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) o livrou das ações penais do caso Cachoeira, ao invalidar as gravações das operações Monte Carlo e Vegas, Demóstenes se articula para retomar a vida pública. No início de junho, o Tribunal de Justiça de Goiás seguiu o entendimento do Supremo quanto às gravações, impossibilitando, assim, que ele fosse responsabilizado pelos crimes de corrupção passiva e advocacia administrativa (patrocínio de interesse privado perante a administração pública), a ele atribuídos pelo MP.
Cassado há cinco anos, em 11 de julho de 2012, por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-senador quer anular o processo por quebra de decoro parlamentar que, aberto no Conselho de Ética do Senado e levado em meio a muito alarde ao plenário, foi aprovado por 56 votos a 19. Retomado o cargo de procurador de Justiça, em julho do ano passado ele encaminhou ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), um documento de cem páginas em que pede, além da anulação da cassação, a devida restituição do mandato e dos direitos políticos perdidos.
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