Sem poder evitar a atenção que tem chamado no Congresso, ela tem manifestado certo desconforto em relação ao assunto, mas se mostra resignada. O tempo se encarregará de resolver a “questão”, diz. “Beleza, para mim, é definitivamente uma questão passageira. Hoje, essa é a forma que me veem. Mas amanhã, se eu vier em outra condição, o que está realmente estabelecido como regra geral, como condição elementar em tudo o que vai me pautar, é o que transcende isso aqui que estás vendo”, disse. “É minha vontade de honrar a oportunidade, o voto de confiança que milhares de pessoas me deram; e a capacidade de mostrar que a mulher vai muito além”, respondeu ao Congresso em Foco em entrevista exclusiva (leia a íntegra).
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Shéridan Esterfany Oliveira de Anchieta vai fazer 31 anos em 11 de abril, e tem um quinto desse tempo de experiência em políticas sociais – nomeada pelo marido, que governou Roraima entre 2007 e 2014, ela comandou a Secretaria Especial de Promoção Humana e Desenvolvimento. Dessa experiência, diz ter colhido o preparo para a Câmara. Ganhou prêmios nacionais e internacionais com o projeto batizado “Rede Viva”, cujas unidades setoriais são voltadas ao atendimento às crianças (Viva Criança), pessoas com necessidades especiais (Viva Comunidade), jovens (Viva Juventude) e idosos (Viva Melhor Idade).
E, antes que cogitem nepotismo, ela diz que recusou a opção de ser apenas uma figura decorativa, “protocolar”, como primeira-dama. “Cada situação é uma situação diferenciada. Eu tinha condição de ser só uma primeira-dama protocolar – primeira-dama não é cargo, é título – e me limitar somente a fazer a arte das ações pontuais e sociais no governo. Só que eu sei que, pela minha capacidade, pelo meu compromisso, pela minha competência, eu podia fazer muito mais. E essas atividades que eu desenvolvi, eu não poderia desenvolver sem fazer parte do staff do governo. Acredito que, se houve críticas, surgiu de pessoas que desconheciam meu trabalho”, observa.
Shéridan é assim chamada porque sua avó era fã da atriz norte-americana Ann Sheridan (1915-1967), e resolveu prestar-lhe o tributo. A deputada assinou o pedido de criação da CPI da Petrobras na Câmara, mas é cautelosa ao falar de um eventual processo de impeachment da presidenta Dilma (PT), cogitado por algumas lideranças da oposição. Ela diz que não há, por ora, elementos para isso.
“Acredito que há fatos que ainda devem ser apurados, acompanhados e fiscalizados pelo nosso trabalho de legisladores. Acredito que quanto mais pessoas envolvidas, quanto mais representatividade nós tivermos, com todo o Brasil imbuído desse sentimento de querer acompanhar e esclarecer o que houve, o que existe, o que ainda não foi esclarecido, é necessário [outro colegiado]”, sentenciou a deputada tucana, para quem a CPI não seria usada como palco por políticos em busca de holofotes.
Em pouco mais de meia hora de entrevista, Shéridan falou sobre suas expectativas quanto ao Parlamento, discorreu sobre sua atuação como secretária de Estado e chamou de sensacionalistas algumas críticas a respeito dos gastos da Câmara.
A tucana disse, ainda, ter o antídoto contra atitudes e comentários machistas que possam ser levantados contra ela no exercício do mandato político. E garante que tentará emplacar projetos e ser ouvida no Congresso. “Toda vez que tentarem me prejudicar, seja por uma questão de partido ou uma questão política, eu terei voz e disposição para lutar pelos meus direitos aqui dentro, e das pessoas que estarei defendendo com meus projetos, com minhas emendas, com a pauta que trarei para esta Casa”, discursou.
Leia a íntegra da entrevista com Shéridan:
“Beleza, para mim, é uma questão passageira”