Antes do fechamento da sessão, a depoente leu um texto com explicações sobre sua relação com o ex-marido e afirmou que mantém apenas um vínculo familiar com Cachoeira, com quem teve dois filhos. Segundo ela, os bens que estão em seu nome são fruto da separação judicial com o contraventor.
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“O patrimônio que está em meu nome é fruto de uma partilha de bens, fruto de uma separação consensual, feita em juízo […] É também fruto do meu trabalho. Sou engenheira civil e advogada. Sou capaz de comportar o crescimento do meu patrimônio”, afirmou. Andrea é suspeita de atuar como “laranja” em empresas do ex-marido e é dona da indústria farmacêutica Vitapan, apontada como uma das beneficiárias do esquema do contraventor. Ela afirmou que a empresa foi adquirida em 1999, quando ainda era casada com Cachoeira.
A sessão foi transformada em secreta diante da resistência de Andrea a responder às perguntas da CPI. Ela conseguiu no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus para permanecer em silêncio. “A base de minha convocação são matérias jornalísticas. Não há uma citação sequer sobre a minha pessoa nos autos da investigação”, disse. Andrea afirmou ser defensora de valores éticos e cristãos e que nunca participou dos negócios do ex-marido.
Ela disse que, apesar de ter o direito de permanecer calada, resolveu prestar alguns esclarecimentos “em respeito aos parlamentares”. “As especulações só geram constrangimento e sofrimento. […] Acredito que tenha esclarecido as dúvidas dos senhores e peço que respeitem a minha decisão. Cada um deve responder na medida de seus atos”, disse. Ela encerrou seu depoimento com uma pergunta: “Os senhores acreditam, sinceramente, que alguém deixaria um bem em nome de uma ex-esposa ou de um ex-marido?”.
Assim que Andrea terminou de ler sua declaração, Odair Cunha iniciou a fase de questionamentos. O relator tentou esclarecer as transferências de dinheiro entre Andrea e Cachoeira. Ela teria recebido R$ 5 milhões do ex-marido para o pagamento de dívidas.
O silêncio da empresária gerou discussão entre os parlamentares. Alguns entenderam que a depoente poderia ser dispensada, mas o relator insistiu com as perguntas. Diante do impasse, a sessão passou a ser secreta.
O colegiado ainda deve ouvir hoje Rubmaier Ferreira de Carvalho, apontado como contador da organização criminosa e suspeito de ser o responsável pela abertura de empresas de fachada usadas para lavar dinheiro. Ele também conseguiu um habeas corpus para permanecer em silêncio.
Nada a declarar
Ontem, a CPI recebeu a atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, que compareceu na condição de investigada. Mesmo sem ter habeas corpus, ela não respondeu a nenhum questionamento e foi dispensada pelo colegiado. O segundo depoente, o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, tido como um dos arapongas do esquema de Cachoeira, afirmou que, como não havia sido denunciado, não tinha nada a esclarecer sobre o caso.
Na semana passada, Andressa foi acusada de ter tentado chantagear o juiz responsável pelo caso, Alderico Rocha, da 11ª Vara Federal de Goiânia. Ela chegou a ser levada para a Polícia Federal de Goiânia para depor e teve de pagar fiança de R$ 100 mil para não ser presa. Andressa está proibida de visitar Cachoeira e de manter contato com qualquer investigado do esquema.
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Matéria atualizada às 12:23.
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