O deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP) divulgou hoje (17) os seus gastos com as chamadas "contas B" nos oito anos em que esteve à frente do Ministério da Educação, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. O tucano declarou ter consumido R$ 166, 8 mil (em valores não corrigidos pela inflação) entre 1995 e 2002.
O deputado solicitou a discriminação de seus gastos no dia 27 de março, com envio de requerimento à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Na lista, gastos em hospedagem, alimentação, serviços e terceiros, material de escritório e transportes. A média anual, nos oito anos de gestão, foi de R$ 20.850,82. A maior despesa foi registrada em 2001, quando foram gastos R$ 39.594,79.
Paulo Renato admitiu que fez compras de produtos alimentícios em supermercados com a verba de suprimento, o que não é permitido. Essas compras, segundo ele, eram para a cozinha do ministério, onde almoçava com funcionários e convidados.
O deputado disse que parou de fazer as compras com dinheiro público assim que a então Secretaria de Controle da União emitiu parecer proibindo esse tipo de gasto. A partir daí, afirmou o ex-ministro, os produtos passaram a ser comprados por meio de uma “caixinha”, abastecida por ele e funcionários do ministério.
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“Sempre tive a consciência de que não fiz nada errado. Mas levantaram suspeita ao meu respeito, então decidi abrir meus gastos a todos”, afirmou em entrevista coletiva.
De acordo com o ex-ministro, o atual governo tem vazado informações sobre gastos dos ex-ministros tucanos de forma intencional para “intimidar” a oposição.
Questionado a respeito da uma possível investigação sobre a veracidade de suas contas, o ex-ministro desafiou: “Se os ministros decidirem abrir investigação ao meu respeito, vou exigir que faça o mesmo com o presidente Lula e demais ministros”. “Estou tranqüilo quanto aos meus gastos. Não fizemos nada errado”, acrescentou.
No início do mês, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) também se antecipou à CPI dos Cartões Corporativos e divulgou gastos relativos ao período em que foi ministro de FHC. A Controladoria Geral da União (CGU) abriu investigação para apurar despesas consideradas impróprias, como uma sessão de massagens num hotel. (Renata Camargo)