Durante a década em que foi casada com o presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle conquistou significativa evolução patrimonial, segundo reportagem da revista Época. Ana Cristina é mãe de Jair Renan, o filho 04 do presidente, e foi a segunda esposa de Bolsonaro. Os dois foram casados de 1997 a 2007, quando o atual presidente era deputado federal.
> Carmen Lúcia encaminha notícia-crime contra Damares à PGR
Levantamento da revista feito com base em quase 40 escrituras de compra e venda e 20 registros em
cartórios no Rio de Janeiro e em Brasília mostra que Ana Cristina comprou, com Bolsonaro, 14 apartamentos, casas e terrenos. Esses imóveis, somados, são avaliados em cerca de R$ 3 milhões na data de separação, em 2007 — o equivalente a R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação.
Na compra de cinco desses 14 imóveis, o pagamento ocorreu em dinheiro vivo, diz a reportagem. Foram duas casas, um apartamento e dois terrenos — tudo feito em negociações separadas ocorridas entre 2000 e 2006, que somam R$ 243.300, em valores da época. Hoje, esse montante somaria R$ 680 mil, com a inflação corrigida pelo IPCA de acordo com a data de cada compra.
Leia também
As compras de imóveis foram no mesmo período em que se concentra parte da investigação das rachadinhas, a prática ilegal de confisco de salários de assessores de políticos, nos gabinetes de Flávio e Carlos Bolsonaro.
Antes do segundo casamento, Bolsonaro tinha apenas dois apartamentos no Rio e um terreno onde depois construiu uma casa, na Vila de Mambucaba, em Angra dos Reis. Um deles ficou com a primeira esposa, Rogéria Nantes Bolsonaro.
PublicidadeDepois da separação de Bolsonaro, Ana Cristina ficou com nove dos 14 imóveis adquiridos pelo casal. Entre os bens mantidos por ela, havia cinco terrenos em Resende que levam a outras transações incomuns. No total, o casal declarou ter adquirido o conjunto de terras por R$ 160 mil em 2006, quando ainda estava junto. Após o litígio, cinco anos depois, ela revendeu os terrenos por R$ 1,9 milhão.
O comprador que contribuiu para essa valorização é um personagem envolvido em outras transações nebulosas: o empresário do setor de transportes Marcelo Traça. As compras, em março e julho de 2011, foram feitas por uma empresa da qual ele é sócio, a Alambari Empreendimentos e Participações Ltda. Traça é um conhecido delator da Operação Lava Jato no Rio e admitiu, em sua colaboração premiada, que adquiria imóveis como forma de lavar dinheiro.