Ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa se manteve em silêncio na tarde desta quarta-feira (17), usando seu direito de ficar calado, em reunião da CPI mista instalada no Congresso para apurar supostas irregularidades na estatal.
Parlamentares governistas insistiram para que a sessão fosse aberta. Oposicionistas defenderam sessão secreta como tentativa de que Costa prestasse depoimento. Por dez votos a oito, os integrantes da CPI decidiram manter aberta a sessão.
Em meio ao embate entre oposicionistas e governistas, alguns parlamentares chegaram a questionar Costa, mesmo após ele deixar claro que não daria nenhuma informação. Pediram ao ex-diretor para que ele ao menos confirmasse nomes de políticos que se beneficiaram do esquema de corrupção na Petrobras. Argumentaram que os eleitores brasileiros precisam da confirmação.
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Costa fez acordo de delação premiada, o que pode resultar em redução de sua pena ou até perdão judicial em caso de condenação pela Justiça.
Mediante esse acordo, Costa teria indicado à Polícia Federal (PF) deputados, senadores, governadores, ministro e ex-ministro que participaram do esquema, inclusive os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente.
Parlamentares do PSDB e DEM partiram para o ataque ao governo. Disseram que a corrupção na Petrobras é uma continuação do mensalão. “A estatal está sendo assaltada. Nosso dever é investigar todas as denúncias. Os indícios de graves problemas estão aí e não são de hoje”, disse o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).
“Estamos vendo que nos últimos 12 anos, aqueles que foram nomeados e que se tornaram uma verdadeira quadrilha tiveram o aval da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. Nada mais grave que um presidente da República nomear um diretor da Petrobras e depois dizer que não sabia de nada”, criticou o deputado Rubens Bueno (PPS-PR).
O ex-diretor da Petrobras está preso em Curitiba (PR) e foi trazido para Brasília (DF) para ser ouvido pela CPI. Foi alvo da Operação Lava Jato, deflagrada em março último pela PF para desbaratar esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
Mais cedo, o procurador-geral da República Rodrigo Janot já tinha ressaltado que a lei diz que a questão da delação premiada impõe sigilo a todos os envolvidos.
A presidência da CPI vai tentar marcar uma reunião no Supremo Tribunal Federal para semana que vem com o objetivo de pedir acesso ao conteúdo dos depoimentos prestados por Paulo Roberto Costa em decorrência da delação premiada.