O diretor-geral afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, e o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) bateram boca durante o depoimento de Lacerda à Comissão Mista de Controle de Órgãos de Inteligência do Congresso.
Lacerda foi questionado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre a afirmação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, realizada na semana passada, de que a Abin adquiriu equipamentos com capacidade de realizar escutas. Lacerda, no entanto, não respondeu à questão alegando que não poderia responder pelo ministro.
Irritado, Virgílio disparou: "Eu não sou seu preso. Estou aqui como parlamentar. Não me trate como se eu estivesse pendurado em algum pau de arara".
Os ânimos acalmaram após a intervenção de membros da comissão que sugeriram a convocação de Jobim para esclarecer a compra dos aparelhos.
Em seu discurso inicial, Lacerda reafirmou que não participou de qualquer ato ilegal no comando da Abin. “Não comandei, não participei, não compactuei, nem tomei conhecimento de qualquer ilegalidade da Abin”, ressaltou para em seguida relatar o histórico profissional.
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Por sua vez, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix, afirmou ao colegiado que não descarta a possibilidade de um “araponga” da Abin ter grampeado a ligação telefônica realizada entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
“Não descarto nenhuma hipótese. Mas acho que seria precipitado condenar a Abin”, disse Félix em sessão realizada na Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência."Se houver acusação comprovada, aqueles que estiverem envolvidos serão sancionados", afirmou.
Segundo matéria publicada pela Revista Veja, a Abin seria autora do grampo. Além de Gilmar Mendes e Demóstenes, a matéria afirma que outras autoridades tiveram as ligações interceptadas, entre elas o senadores Arthur Virgílio e Tião Viana (PT-AC). (Erich Decat)