Acusado de vender o seu voto a favor da emenda constitucional que permitiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-deputado Osmir Lima (PFL-AC) disse há pouco à CPI do Mensalão que foi citado de forma indevida na gravação telefônica transcrita pela Folha de S. Paulo em maio de 1997 em que o deputado Ronivon Santiago (PP-AC) falava em seu nome.
Ronivon e Osmir acabaram renunciado ao mandato na época para evitar a cassação. De acordo com a interceptação telefônica, cada parlamentar receberia R$ 200 mil para votar a favor da proposta de emenda constitucional. Osmir, que depõe na CPI do Mensalão, disse que só não processou Ronivon porque o colega se retratou em depoimento à comissão de sindicância logo em seguida.
Membro da comissão que apurou o caso, o relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), lembrou que laudo feito por técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp) comprovou, na época, que a voz gravada era mesmo de Ronivon. Este é o primeiro depoimento que a CPI do Mensalão toma sobre o escândalo da emenda da reeleição, um dos principais nós do governo FHC.
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O ex-deputado afirmou que votou a favor da proposta do governo a pedido do então governador de seu estado, Orleir Cameli, de quem foi chefe da Casa Civil. Osmir negou ter tido qualquer reunião com o então ministro das Comunicações Sérgio Motta, acusado de ser responsável pela negociação, para tratar da reeleição.
Outro acusado de envolvimento no escândalo, o ex-deputado Chicão Brígido (PMDB-AC) não compareceu ao depoimento. O advogado de Chicão informou que o peemedebista só vai comparecer à reunião depois que assumir seu mandato como deputado, no lugar do próprio Ronivon Santiago. Nesse caso, poderia depor com todas as prerrogativas da imunidade parlamentar.
A Polícia Federal informou à CPI que não conseguiu localizar Chicão para notificá-lo do depoimento. O peemedebista espera pela votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) de consulta da Mesa Diretora sobre a cassação da liminar que mantinha o mandato de Ronivon. O deputado se mantém no cargo mesmo com a confirmação, pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE), da cassação de seu mandato pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Acre por compra de votos.