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A escuta telefônica gravada pela Polícia Federal traz Claudio Abreu, ex-diretor da Delta no centro-oeste, conversando com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos principais auxiliares de Cachoeira. O diálogo trata da suposta nomeação de pessoas indicadas pela quadrilha para trabalhar no Serviço de Limpeza Urbana (SLU), órgão local responsável pelos contratos de recolhimento de lixo na capital. Além disso, as gravações dão conta de que Monteiro teria recebido um rádio Nextel da organização criminosa.
Monteiro disse à CPI que não recebeu rádio algum e que não pode ser colocado como suspeito por diálogos de terceiros. Ele ressaltou que, de todas as horas de gravação, em nenhum momento aparece a sua voz. “Qual foi a medida adotada para apreender o rádio e em quais escutas eu fui pego? Quais foram as licitações que eu inteferi? […] São respostas que eu mereço receber, porque minhas perguntas estão sem resposta até hoje. […] Fala de terceiros não são provas, muito menos indícios e não servem para sequer abrir um inquérito”, disse.
O ex-chefe de gabinete também disse aos parlamentares que nunca recebeu ligações e nem se encontrou pessoalmente com Cachoeira, mas admitiu ter estado com Cláudio Abreu por duas vezes, então diretor da Delta no Centro-Oeste. Monteiro garantiu que os encontros foram na condição de integrante do governo. “Recebi o representante regional da Delta para tratar de assuntos de interesse da empresa e do Distrito Federal”, disse.
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Sigilo
Ele apresentou aos parlamentares a permissão para quebra de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico pelo período de dez anos. Ele também entregou os sigilos fiscal e telefônico de seus filhos. Monteiro também entregou uma relação do Serasa em que consta uma dívida de seus filhos no valor de R$ 2 milhões referentes à construção de um prédio em uma cidade satélite do Distrito Federal. Ele explicou que o documento comprova que seus filhos não são seus laranjas.
Exoneração
Após a revelação de trechos da interceptações telefônicas, Monteiro pediu exoneração da chefia de gabinete de Agnelo, em 10 de abril. Ele explicou que a iniciativa foi dele, com o objetivo de não prejudicar o governo e seus “companheiros de trabalho”. “Tomei a decisão de deixar o cargo no governo quando me fizeram essas acusações. Eu não poderia dizer que aplico o remédio para os outros, e não tomo o mesmo remédio”, disse.
Ele garantiu que não voltará ao seu cargo ou a qualquer outro posto no governo do DF até que as investigações sejam concluídas. “Resolvi abdicar do meu sonho para não transformar o sonho dos outros em um pesadelo. E não poderia macular o governo com um membro, eu, sendo responsabilizado”, disse. O ex-chefe de gabinete declarou à CPI que nenhum integrante do grupo de Cachoeira integrou os quadros do governo do DF.
Silêncio
Monteiro entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de habeas corpus para ter garantido o direito de não se incriminar durante o depoimento e permanecer calado. No entanto, ele se prontificou a responder as perguntas dos integrantes da CPI. Ele fez uma explanação inicial por aproximadamente 30 minutos. Além do ex-chefe de gabinete, foram convocados para depor hoje Marcello de Oliveira Lopes, conhecido como Marcelão. Ele foi assessor da Casa Militar do DF.
Segundo a polícia, Marcelão teria tentado emplacar um nome indicado pelo empresário Carlinhos Cachoeira em um cargo no governo do DF. Cachoeira está preso desde o último dia 29 de fevereiro após realização da Operação Monte Carlo. O empresário é suspeito de comandar um esquema de jogos ilegais. Também foi convocado para prestar depoimento à CPI João Carlos Feitoza, conhecido como Zunga. Ele é suspeito de ter recebido dinheiro do grupo de Cachoeira. Ambos conseguiram habeas corpus no STF.
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