Thomaz Pires
A deputada distrital Eurides Brito (PMDB) vai entrar na Justiça contra a relatora de seu processo na Câmara Legislativa, a petista Érika Kokay. O anúncio foi feito nesta tarde em entrevista coletiva. Eurides, afastada do cargo há mais de dez dias, alega que o relatório final indicando sua cassação é tendencioso e exclui o nome de petistas que estariam envolvidos no mensalão do DEM no Distrito Federal.
Segundo Eurides, os trechos das gravações em que o ex-secretário de relações institucionais Durval Barbosa denuncia distritais da bancada do PT foi propositalmente desprezado pela relatora. O documento elaborado pela petista teve como base os depoimentos prestados por Durval na Polícia Federal.
“Ela [Érika] foi desonesta ao retirar de seu parecer o depoimento do ex-secretário com esses trechos. A petista fez isso para preservar seu partido, que foi acusado por Durval de ter pecadores e envolvidos no esquema”, destacou. Eurides Brito terá o relatório final analisado nesta quinta-feira (27), às 10h, na Comissão de Constituição e Justiça.
Procurada pela reportagem, a deputada Érika Kokay (PT) avaliou como uma forma de ameaça as declarações da parlamentar. “Ela está tentando me intimidar e desqualificar. Se me processar, eu vou reverter a situação com um processo de litigância por má fé. Ela já perdeu duas ações cautelares e irá perder mais essa”, destacou Érika.
Linha de defesa
A deputada Eurides Brito também adotou uma nova linha de defesa. Ela apresentou fotos em que aparece apoiando, na eleição de 2006, Roriz ao Senado e Maria de Lurdes Abadia. “Eu estava apoiando o grupo adversário de Arruda. Como que eu poderia receber dinheiro ao contrário do que foi dito?”, destacou a parlamentar, que apareceu em gravações recebendo R$ 30 mil das mãos de Durval Barbosa. Desde então, a parlamentar passou a ser chamada de deputada da bolsa.
Eurides reforçou que não vai renunciar até o momento da votação no plenário da Câmara Legislativa. “Vou respeitar a compulsória (aposentadoria no serviço público aos 70 anos), até porque já passei três anos desse prazo”, disse Eurides, revelando pela primeira vez em público sua idade.
O processo contra Eurides Brito tem 12 volumes e mais de 2 mil páginas. Já o relatório apresentado nesta terça-feira conta com 126 páginas. A parte conclusiva do documento tem cerca de 20 páginas. A divulgação integral do seu conteúdo foi vetada pelo presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, Aguinaldo de Jesus (PRB).
Veja o vídeo de Eurides recebendo dinheiro: