Caminho para as salas das comissões do Senado, a ala Alexandre Costa foi hoje (08) palco de um protesto de estudantes da Universidade de Brasília. Eles vieram protestar contra a aprovação do novo Código Florestal que estava sendo analisado pelas Comissões de Agricultura e de Ciência e Tecnologia. No entanto, o que era para ser pacífico, acabou em confusão.
No final da sessão, Rafael Pinheiro da Rocha, estudante de Geologia, tentou intervir em uma briga entre um colega e um dos seguranças da Casa. Ele acabou sendo agarrado pelo pescoço e arrastado para o lado de fora do corredor. Enquanto tentava reagir, Rafael levou um tiro de uma pistola de choque do tipo taser e desmaiou. Em seguida, foi levado à delegacia do Senado.
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De acordo com os estudantes, um policial à paisana iniciou a confusão. Ele foi identificado e trabalha na manutenção de armamento. O diretor da Polícia Legislativa, Pedro Ricardo Carvalho, afirmou que pedirá esclarecimentos ao policial e ao chefe da operação para que se esclareça porque ele estava trabalhando sem identificação e fora de sua área de atuação. Os estudantes o acusaram de dar vários pontapés e socos, inclusive nas mulheres que participavam do movimento.
A senadora Marinor Brito (PSOL-AM) acompanhou a detenção e informou que ele estava algemado dentro da sala da polícia. Ela cobrou uma apuração rigorosa sobre o acontecido e disse que houve excessos. No depoimento, Rafael reconheceu que estava um pouco alterado e reconheceu que não estava desmaiado quando o retiraram do corredor. Quando percebeu que tinha mais espaço, ele tentou se desvencilhar dos policiais com pontapés. Foi quando levou o tiro de choque. No meio da tarde, o estudante foi liberado e saiu acompanhado do pai. Ele foi indiciado por desobediência a autoridade e resistência. Rafael não quis ir ao Instituto Médico Legal fazer o exame de corpo de delito e também afirmou que não irá processar a Polícia Legislativa.
De acordo com o diretor da Polícia, não houve exagero por parte dos agentes e o procedimento foi considerado normal. Em relação à pistola de choque, o diretor afirmou que é melhor usá-la do que trocar socos e pontapés.
Protesto
Cerca de 15 estudantes tentaram entrar na sala da Comissão de Constituição e Justiça, onde ocorria a votação do projeto do novo Código Florestal, para assistir à sessão mas foram impedidos pelos seguranças. “Eles não deram nenhuma explicação sobre por que fomos impedidos de entrar, apenas nos barraram”, explicou Victória Reis, estudante de Engenharia Florestal. O movimento garantiu que a intenção não era atrapalhar o trabalho dos senadores, e sim, assistir à votação e protestar em silêncio, com cartazes.
Barrados, os estudantes resolveram chamar a atenção do lado de fora. Aos gritos de “desliga a motosserra” e “não, não me representa”, eles permaneceram no corredor até o final da sessão. Apenas dois integrantes do movimento puderam entrar no plenário, mas disseram ter sido hostilizados. “Levamos cartões vermelhos para mostrar aos senadores, mas quando levantamos a mão, os seguranças ameaçaram nos expulsar. Depois, a bancada ruralista distribuiu bandeirinhas e eles não fizeram nada”, afirmou Claudivan Dias, estudante de Letras.
Antes da confusão começar, os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AC) deram apoio à manifestação. “Aqui é uma casa de pressão. Eles têm todo o direito de protestar contra este código, ao qual, inclusive, sou contra. Mais que um simples protesto, eles estão aqui mostrando a voz do Brasil”, disse Cristovam.
Veja imagem do confronto entre os estudantes e os seguranças do Senado