“Não há como virar diretor da Petrobras sem indicação política. Isso aconteceu em todos os governos. Todos! Com todos os diretores da Petrobras. Se não tivesse apoio político não chegava a diretor. Isso é fato”, disse Costa, em neste momento passa por acareação com o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. “Assinei minha demissão em 2012 porque não aguentava mais a pressão.”
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De acordo com Paulo Roberto, a forma de indicações políticas se repete por todo o país. “Não se iludam. Isso que acontece na Petrobras acontece no Brasil inteiro. Em ferrovias, portos, aeroportos. Tudo. Acontece no Brasil inteiro”, afirmou. Sem se estender sobre o assunto, a declaração do ex-diretor de Abastecimento dá margem para entender que, da mesma forma que existiu cobrança de propina na estatal, ocorre o mesmo em outras empresas governamentais.
Sobre as ações penais da Operação Lava Jato, Paulo Roberto afirmou ter fornecido aos procuradores federais e ao juiz Sérgio Moro “fatos, dados e nomes” nos mais de 80 depoimentos que compõem a delação premiada. “Tudo que eu falei na delação eu confirmo”, comentou. Na última vez que compareceu à CPMI da Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento exerceu o direito de ficar calado, e não fez qualquer depoimento na comissão. Desta vez, apesar de não tratar do assunto de forma específica, falou de política e família.
Alma suja
Cumprindo prisão domiciliar, Costa disse que aceitou o acordo de delação, que visa reduzir uma futura sentença judicial, convencido pela família. Dizendo que tinha o “sonho” de assumir uma diretoria da estatal, na qual trabalhava há 35 anos, o ex-diretor diz ter se arrependido. Ele lembrou ter passado seis meses da carceragem, em Curitiba (PR), e resolveu passar a contribuir para “tornar a alma mais pura”.
“Para tornar minha alma um pouco mais pura, [decidi] fazer a delação. Passei seis meses preso na carceragem de Curitiba e resolvi fazer a delação do que ocorria na Petrobras e não só na Petrobras, isso acontece no Brasil inteiro”, afirmou aos deputados e senadores. Para ele, chegar à Diretoria de Abastecimento resultou em sofrimento para ele e sua família. Paulo Roberto devolverá US$ 26 milhões encontrados em uma conta na Suíça. O país europeu já determinou a repatriação do dinheiro, que, segundo as investigações da PF, foram fruto de propina e fraudes em licitações com a Petrobras.
Antes da fala, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) apresentou uma questão de ordem ao presidente em exercício da CPI mista, Gim Argello (PTB-DF). O parlamentar mineiro quis saber se o colegiado não poderia passar a ter as mesmas prerrogativas que Ministério Público e PF têm em relação ao inquérito, sob responsabilidade de Sérgio Moro. A ideia, segundo Júlio, seria a requisição dos termos da delação premiada, cujo teor Paulo Roberto Costa reafirmou, para que a comissão passasse a ter o poder de revogar tanto a delação quanto a prisão domiciliar, em hipótese de contradição por parte do delator.