Edson Sardinha
O presidente Lula foi eleito “o personagem do ano” pelo jornal espanhol El País, um dos mais prestigiados da Europa. Lula encabeça a lista das 100 personalidades ibero-americanas que, segundo o periódico, marcaram 2009. A relação completa será divulgada na edição impressa do jornal no próximo domingo.
Mas um perfil do presidente brasileiro foi antecipado e publicado na edição online do El País (veja a íntegra, em espanhol). O texto é escrito pelo primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, para quem Lula é um “homem cabal e tenaz” que impressiona o mundo.
Zapatero traça a trajetória do presidente brasileiro, desde a infância pobre no interior de Pernambuco até seu envolvimento com o movimento sindical, e relata o primeiro e o último encontros que teve com Lula.
De acordo com o espanhol, o Brasil está deixando de ser o país de “um futuro que nunca chegava”. Graças a Lula e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o mundo descobriu que o Brasil é mais que “carnaval, futebol e praias”, escreveu.
“Da mão deste homem, seguindo o caminho aberto por seu antecessor na Presidência, Fernando Henrique Cardoso, o Brasil, em apenas 16 anos, deixou de ser o país de um futuro que nunca chegava para se converter em uma formidável realidade, com um brilhante porvir e uma projeção global e regional cada vez mais relevante. Por fim, o mundo se deu conta de que o Brasil é muitíssimo mais que carnaval, futebol e praias. É um país emergente que conta com uma democracia consolidada e está chamado a desempenhar nas décadas seguintes uma crescente liderança política e econômica no mundo, tal como já vem fazendo na América latina com notável acerto”, diz o chefe de Governo da Espanha.
“Lula tem o imenso mérito de ter unido a sociedade brasileira em torno de uma reforma tão ambiciosa como tranqüila. Está sabendo, sobretudo, enfrentar com determinação e eficácia os desafios da desigualdade, da pobreza e da violência, que tanto lastreou a história recente do país”, diz Zapatero.
No governo Lula, de acordo com o espanhol, o Brasil “ganhou a confiança dos mercados financeiros internacionais, que avaliam a solvência de sua gestão, a capacidade crescente de atrair investimentos diretos, como as efetuadas por várias companhias espanholas, e o rigor com que administrou as contas públicas”.
Zapatero conclui o artigo lembrando a emoção incontida do presidente brasileiro com o anúncio da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Na ocasião, a cidade brasileira superou na finalíssima a capital espanhola.
“Quando nos vimos em outubro em Copenhague, Lula chorava de felicidade, como uma criança grande, porque o Rio de Janeiro acabava de ser eleita cidade organizadora dos Jogos Olímpicos de 2016. A euforia que o inundava não o impediu de ter o valor necessário para vir me consolar porque Madri não tinha sido eleita e me envolver em um abraço. Não me estranha nada que este homem impressione o mundo”, afirma Zapatero.
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