Com os socialistas à frente nas pesquisas, a Espanha define hoje (9) as cadeiras de seu parlamento, um dos fatores que justificariam o maior rigor daquele país à entrada de brasileiros. Ontem, o assessor do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, admitiu que a Polícia Federal barrou sete espanhóis em Salvador em resposta à deportação de 30 brasileiros em Madri. Em São Paulo, o consulado espanhol foi pichado.

 

As últimas pesquisas eleitorais apontam os socialistas como favoritos. O partido do atual primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero, o PSOE, têm 43,6% dos votos segundo o jornal El Mundo. Já o PP, do adversário Mariano Rajov, tem 39,3%. Com isso, os socialistas garantiriam entre 157 e 161 deputado. O PP, ligado ao ex-premiê José Maria Aznar, teria entre 148 a 161 cadeiras no Parlamento.

 

Os temas dominantes no último debate entre Rajov e Zapatero foram imigração, terrorismo e economia. “Não podemos permitir que haja espanhóis perdendo seus direitos sociais porque chegam estrangeiros com um nível mais baixo de renda, que pedem ajuda social", afirmou Rajoy, segundo a agência France Presse.

 

 

O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que o governo brasileiro adotou as medidas como “reciprocidade”. Ele disse que o Ministério da Justiça mandou “intensificar a rotina” de verificação de entradas de estrangeiros. “O ministro Tarso Genro me disse: ‘mantivemos o critério, simplesmente intensificamos um pouco a rotina, o que é normal’.”

 

Apesar de negar retaliação, Garcia é o primeiro membro do governo que admite que a deportação de sete espanhóis em Salvador foi a resposta do Brasil depois que 30 brasileiros foram barrados em Madri, mesmo alguns que estavam nos critérios de permanência legal no país europeu.

 

Na próxima semana, o Senado vai pedir explicações sobre o assunto ao embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró. O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), disse que os deputados devem tomar a mesma atitude. (Eduardo Militão)