Renata Camargo
O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, é um entusiasta da campanha da senadora Marina Silva para a Presidência da República. Ele aposta não só em uma guinada no rumo das eleições, como também em uma mudança nos rumos do desenvolvimento do país.
Na última quinta-feira (18), a executiva nacional do PV se reuniu para começar a estruturar a pré-candidatura de Marina. Da sede da executiva em uma casa no bairro Lago Sul, em Brasília, Penna concedeu uma entrevista ao Congresso em Foco.
Na oportunidade, Penna reforçou o peso da internet na campanha de Marina e disse que o PV sai à frente outros partidos pelo conteúdo que defende. “Não adianta ter grana e entrar e não ter o que falar. Essa é a grande vantagem do Partido Verde. Nós temos uma agenda que está viva na sociedade. São questões que animam e sugerem discussões”, defende.
Para Penna, Marina tem a vantagem competitiva de ser uma sucessora natural do presidente Lula. Ele avalia que os pré-candidatos do PT e do PSDB – a ministra Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, José Dirceu – não têm uma “história de superação” como a apresentada no filme Lula, o filho do Brasil, que estreia no próximo sábado (28) nos cinemas.
“O filme de Lula é uma história de superação. E quem é que herda essa história e pode repeti-la? É Marina. Não é a Dilma. Eles podem estar de alguma maneira contribuindo com a gente”, disse Penna, com riso largo.
Leia a entrevista com o presidente nacional do PV
Quais estratégias para a pré-candidatura foram definidas?
Hoje na verdade, a gente está preocupado com a racionalidade do trabalho. No querer estratégico. Estamos nos estruturando ainda para fazer. A discussão é saber como estão nos estados, onde vamos ter os palanques regionais de Marina. E só isso aí é uma discussão de dias.
Qual será o papel da internet na campanha da senadora Marina?
É um desafio que vai se estabelecendo. Ou você lida bem com o instrumento, ou vai se perder terreno. Principalmente para as camadas mais jovens, temos que ter bom acesso. Todos nós que temos mandato individualmente, já estamos no youtube, twitter e por aí vai. Mas tem que ter conteúdo. Essa é a nossa vantagem. Não adianta ter grana e entrar e não ter o que falar. Essa é a grande vantagem do Partido Verde. Nós temos uma agenda que está viva na sociedade. São questões que animam e sugerem discussões. Esse é um aliado nosso.
A TV ainda vai monopolizar as eleições do próximo ano ou vai perder espaço para a internet?
Acho que a TV ainda não perde espaço para a internet. A pessoa que não tem muito hábito de internet não tem paciência de ficar horas e horas procurando coisa na rede. E é uma parte do eleitorado. Mas serão forças complementares se a gente tiver inteligência para aliar um ao outro, passa a ser a multiplicação da televisão. Aquelas inserções fora do horário político são muito interessantes. Pois na hora do horário político as pessoas podem mudar de canal, desligar a TV. Mas aquele que aparece nos meio dos comerciais de 30 segundos, não tem como escapar. Aí você tem como falar com o eleitor. Em setembro, fizemos inserções com a Marina e tivemos resultado extraordinário.
O PV vai buscar coligações com partidos na intenção de aumentar o tempo de TV?
Essa não vai ser a motivação fundamental. O que nos anima é fazer alianças com perspectiva de governo, de participação de várias correntes do pensamento, de ter uma discussão interna positiva. Claro que a consequência imediata disso, caso a gente tenha vitória nesse processo de coligações, é um maior tempo de televisão. Mas eu não tenho, pessoalmente, muito claro que quanto maior o tempo de TV, melhor para o candidato. Vai depender do que usar, do que dizer, da sua estrutura de comunicação.
No cenário de hoje, com Dilma e Serra como pré-candidatos, como será esse debate na internet? A Marina vai se sobressair?
Eles vão entrar na internet, não há um caminho tão fascinante quanto esse. Mas acho que a Marina é mais legítima. A vida dela é alternativa. É uma pessoa que nasceu na floresta. Ela carrega um sinal que os outros não podem dar. Tivemos agora o lançamento do filme do Lula. A história do filme – não vi o filme, não vi a crítica –, digamos que seja envolvente. O filme é uma história de superação. E quem é que herda essa história e pode repeti-la? É Marina. Não é a Dilma. Interessante, não é? Eles podem estar, de alguma maneira, contribuindo com a gente.(risos)
Qual a sua avaliação sobre a entrada de Marina nesse processo eleitoral?
O partido nunca teve uma gana tão forte de influenciar no processo brasileiro. Nós mudamos os rumos do debate. Impressionante. O governo já vai com propositura para Copenhague. E, inicialmente, disse que não ia dar, não iria ter nada. Nós entramos e mudou tudo. E mesmo nas coisas do Congresso, eles têm recuado. Na questão de reduzir a reserva legal, eles têm pensado duas vezes. O Serra já fez no estado de São Paulo a lei de redução da taxas de emissão de carbono. Esse projeto é bandeira nossa e ele assinou. Isso é bom e é por causa da Marina.
Como deve ser composta a chapa do PV?
Queremos construir uma candidatura com um vice ligado à moderna produção. Acho que o perfil é uma pessoa da indústria jovem paulista. Os opositores vão tentar desconstruir nossa candidatura, e uma das coisas é dizendo que somos contra o progresso. Para que os conservadores não nos peguem desprevenidos, nós já vamos com uma agenda bem ampla, da indústria ao meio ambiente. Estamos fazendo um projeto de Brasil sustentável.
E o PV já tem nomes para vice?
Já temos alguns indicativos como os empresários Guilherme Leal, da Natura, Roberto Klabin, da SOS Mata Atlântica, e Marcus Elias, da Parmalat. Têm alguns jovens empresários com responsabilidade que dão sinal.
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