A TV Bandeirantes terá que entregar uma cópia da entrevista realizada ontem com o líder do PCC, Marcos Willians Camacho, o Marcola. A Secretaria de Administração Penitenciária solicitou hoje uma cópia da entrevista concedida por celular ao jornalista Roberto Cabrini. Por meio de sua assessoria, a Secretaria informou que só se manifestará após o resultado dos exames fonográficos, que serão feitos para comprovar a autenticidade da voz de Marcola. A entrevista foi realizada durante o Jornal da Band.
Segundo a Secretaria, Marcola continua em uma cela individual e incomunicável em penitenciária de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, que possui bloqueador de celulares e, portanto, seria impossível ter sido realizada a conversa entre Cabrini e Marcola.Durante a entrevista, o suposto Marcola explicou como a facção resolveu iniciar os ataques.
"Bom, a gente decidiu porque não conseguimos por meios legais, fizemos vários apelos, pela Constituição e pela lei que nos ampara, de ter advogado e os direitos que rezam a lei para o preso. Eles tomaram a iniciativa de remover e feriram toda essa lei e essa Constituição, numa decisão arbitrária, sem nós usufruirmos de nenhum desses direitos, nenhuma regalia. Foi aí que decidimos chamar atenção por essa forma. Não obtivemos êxito por meios legais e acabamos chamando atenção desta forma", alegou.
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O entrevistado garantiu que a ação do PCC foi decidida em conjunto."Foi decidido na própria sexta-feira. Foi decisão em conjunto do PCC. Tentamos resolver de forma legal, mas deram as costas. Eles sabiam que, se fizessem a remoção, mexeriam na ferida. Se a gente não atacasse não seria ouvido", afirmou. O suposto líder do PCC eximiu de culpa a facção no assassinato de um bombeiro.
Quando questionado se as autoridades estaduais subestimaram o poder do crime organizado em São Paulo, disse: "Não sei. Só sei que o impacto é esse mesmo, e estamos preparados para muito mais, temos condições de muito mais. Foi cessado, parado. Estamos procurando meios de resolver a situação, mas eles não estão querendo, estão agindo de forma ‘virtual’, declarando guerra. Mas esquecem que estão deixando a sociedade à mercê. As duas partes têm poder de fogo, quem tem a perder é quem não é de nenhuma das duas partes".
O líder do PCC afirmou que outras manifestações podem acontecer. "A Polícia Militar está matando. Está morrendo família de preso e gente inocente. Qual é a arma da gente? É chamar atenção. É procurar a mídia. Por isso, estou falando com você (Cabrini). Não temos próximos passos a serem tomados. Estamos esperando retorno em cima disso. Quero respeito, dignidade, senso de humanidade”.