O comentário de Beth Veloso veiculado originalmente no Papo de Futuro, da Rádio Câmara, com Paulo Triollo:
[sc_embed_player_template1 fileurl=”https://static.congressoemfoco.uol.com.br/2017/04/papodefuturo_20170417_noticias_falsas.mp3″]
A internet já passou por algumas crises: protestos contra o poderio americano na governança da rede; questionamentos quanto ao controle na entrega de pacotes resolvido com a tal da neutralidade; bloqueio de aplicativos pela Justiça; queda total da rede em países árabes sacudidos por revoltas políticas, como o Egito e a Tunísia, bem como a Síria; sem falar na queda de braço com as teles, que reclamam da concorrência desleal que mina o antigo mercado de voz. Agora, um novo desafio que se descortina é o de manter a credibilidade da rede! Como Google e outros buscadores, além das redes sociais, podem combater a praga das notícias falsas?
Se, na vida real, mentira tem perna curta, na internet ela tem vida longa e viraliza com frequência. A ponto de os grandes portais da rede serem responsabilizados, agora, por ranquearem os sítios criados para enganar, engrupir, falsear, tudo em torno de objetivos não legítimos. A discussão, agora, é como fazer com que as plataformas controlem, além do tráfego e do veículo, o conteúdo da carga que transita pela rede, comparando com uma estrada.
Leia também
Funciona assim: tem a camada do transporte, a camada dos aplicativos e a de conteúdo. Esta última, de inteira responsabilidade do usuário, seja pessoa jurídica ou física. Porém, o que se quer é, em nome da segurança, que os provedores de aplicativos, como as ferramentas de busca, façam a triagem do que é sério ou piada na rede. É isso que os bancos fazem, por exemplo. Se sua conta for fraudada, você é ressarcido, porque a segurança da rede não é problema seu.
Na internet, o mico de espalhar uma notícia falsa é 100% de quem posta. E o que parece ser da natureza da rede, liberdade de expressão, pode se tonar uma ameaça. A tendência é de que os sites ou plataformas de rede sejam responsabilizados se não detectarem de antemão uma informação falsa e combaterem o seu dano potencial. Por isso, os gigantes da rede agora investem milhões em sistemas robóticos e algoritmos que possam detectar a enganação antes que seja tarde. Não por amor à verdade, mas porque o prejuízo das Fake News, ou notícia falsa, em inglês, dói na credibilidade e no bolso.Publicidade
A Voz do Brasil explicou como um site teve que indenizar uma moça porque ela aparecia como garota de programa. Sem gastar milhões de dólares, o internauta também deve cuidar para não passar por mentiroso ou coisa pior. Siga agora essas instruções: leia primeiro; cheque a data, se não é muito antigo; veja se o texto parece crível e bem escrito, se há mais de um lado, se tem cara de jornalismo; e se a URL, ou endereço, lá no topo da página, não tem cara de sítio estrangeiro, e suspeite se tiver. Cheque as credenciais do site, do tipo expediente, quem somos, fale conosco e, na dúvida, evite o compartilhar.
Cultivar uma atitude ética na rede não é apenas responsabilidade de todos, mas garante também a sobrevivência da rede. Abordar assuntos com disposição crítica e sem tabus, manter uma atitude sempre que possível apartidária, cultivar a pluralidade e distinguir o que é noticioso do que é opinativo são alguns dos princípios que encontrei no compromisso editorial do jornal Folha de S.Paulo que acho que se aplicam à rede digital.
Se o jornalismo ideal é utopia, o que dizer de uma rede que, a cada dia, nos surpreende e fascina. Quem de vós estais prontos para lutar por ela?
Se você não concorda ou quer comentar, escreva para nós: papodefuturo@camara.leg.br
Coluna produzida originalmente para o programa Papo de Futuro, da Rádio Câmara. Pode haver diferença entre o áudio e o texto.