O ESTADO DE S. PAULO
Entidade que recebeu R$ 2,5 milhões para pesquisar turismo fica em igreja
Embrião do esquema de corrupção no Turismo do Amapá, a entidade Conectur é registrada numa igreja evangélica. Recebeu R$ 2,5 milhões do governo federal, mas nunca existiu. No seu endereço oficial funciona a Assembleia de Deus Casa de Oração Betel. O pastor é o dono da Conectur, Wladimir Furtado. Ele mora no andar de cima e foi preso na Operação Voucher, da Polícia Federal. É acusado de envolvimento nos desvios de recursos em convênios do Ministério do Turismo e, segundo investigados, de repassar parte do dinheiro para a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP).
A deputada é chamada de “advogada” nas conversas telefônicas, de acordo com a polícia. O pastor nega as acusações. O Estado foi visitar a “sede” da Conectur na sexta-feira. Acabou encontrando uma igreja. A ousadia é tamanha que o pastor pendurou no alto do prédio religioso uma bandeira mencionando o convênio com o Ministério do Turismo. O banner estava lá três dias depois da operação policial que desmontou o esquema.
Em depoimento à PF, Furtado disse ser “turismólogo”. Sua entidade ganhou R$ 2,5 milhões do Ministério do Turismo para cuidar da “Realização de Estudos e Pesquisas sobre Logística no turismo no Estado do Amapá, levando em conta a situação das redes estabelecidas ao redor dos serviços turísticos”. A verba foi liberada, mas projeto não saiu do papel. E o dinheiro sumiu.
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Conectur nega repasse de dinheiro a Fátima Pelaes
O pastor e dono da Cooperativa de Negócios e Consultoria Turística (Conectur), Wladimir Furtado, negou hoje que tenha repassado dinheiro para a deputada Fátima Pelaes (PMDB-AP) proveniente do Ministério do Turismo. “Nunca entreguei dinheiro para a deputada”, afirmou em entrevista horas depois de deixar a prisão. O dono da Conectur, sediada em Macapá (AP), ainda atribuiu à “pressão psicológica” da Polícia Federal os depoimentos em que é acusado de desviar recursos do Turismo para a deputada Fátima Pelaes. “Acho que foi uma questão emocional”, disse.
O pastor afirmou ainda que hoje está politicamente distante de Fátima Pelaes. E tentou mostrar independência: “Não tenho confiança na conduta da deputada”. Wladimir Furtado negou que a Conectur seja uma empresa fantasma. Alegou que está realizando uma reforma no imóvel onde mora e funciona a sua igreja para dar mais espaço à empresa. O pastor garante que o convênio de R$ 2,5 milhões com o Ministério do Turismo foi executado, apesar de o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas da União (TCU) apontarem para a não realização dos objetivos do contrato.
PublicidadeTodos os presos no escândalo do Turismo já saíram da cadeia
A Penitenciária de Macapá informou que todos os presos pela Operação Voucher, da Polícia Federal, já foram libertados. Os últimos detidos, 11 pessoas, deixaram a prisão durante a madrugada de hoje. No fim da noite de ontem saiu o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva Costa. Ao ser solto, ele não quis dar entrevista. Frederico teve que pagar uma fiança de R$ 109 mil para conseguir a liberdade. Também deixaram a prisão o ex-secretário-executivo Mário Moysés e o secretário nacional de Programas e Desenvolvimento do Turismo, Colbert Martins Filho.
Ao todo, a Operação Voucher havia prendido 36 pessoas desde terça-feira, entre prisões preventivas e temporárias. Em entrevista ao Estado após deixar a prisão, Colbert afirmou que vai provar sua inocência em relação às acusações de envolvimento no esquema de corrupção na Pasta. “Tenho absoluta certeza da minha lisura. Preciso provar minha inocência para minha família e ao país”, disse. Colbert lamentou o vazamento da foto de dentro da penitenciária do Amapá em que ele aprece sem camisa, segurando a placa de identificação de preso. “Lamento esta situação. O importante é que haja preservação de todos os cidadãos”.
Polícia investiga fraude em contratação de amistoso contra Portugal, em 2008
Doze policiais civis do Distrito Federal estiveram neste sábado no Rio para investigar fraudes na contratação de um amistoso da seleção brasileira contra Portugal, em novembro de 2008. A partida, vencida pelo Brasil por 6 a 2, aconteceu no Gama, cidade-satélite de Brasília. A polícia esteve na capital fluminense para fazer uma busca na sede da empresa Ailanto Marketing, no Leblon. A empresa foi a organizadora da festa, que custou R$ 9 milhões ao governo do Distrito Federal.
De acordo com as investigações da polícia, a Ailanto iniciou suas atividades pouco mais de um mês antes da realização do amistoso. A polícia diz ainda que a empresa não possui sequer telefone fixo e tinha um capital social de apenas R$ 800. A Ailanto é de propriedade do espanhol Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona e parceiro da CBF em uma série de operações. Durante a Copa América na Argentina, Rosell era figura fácil ao lado de Ricardo Teixeira.
Apesar da sequência de crises, Obama ainda é favorito para eleição de 2012
Desde o início de maio, quando anunciou a morte de Osama bin Laden, responsável pelo maior ataque terrorista aos EUA, o presidente americano, Barack Obama, perdeu oito pontos de sua popularidade ao tentar desarmar uma sequência de “bombas” políticas e econômicas capazes de levar o país a uma nova recessão e a uma situação mais crítica no Afeganistão.
Ainda assim, continua como favorito para a eleição presidencial de 2012. Obama enfrentou uma crise de confiança com o Paquistão – supostamente, um dos maiores aliados dos EUA na luta contra o terror. Ela ainda persiste. Teve de engolir um acordo insatisfatório sobre a dívida federal e o ajuste fiscal, formulado sob as armas políticas do Tea Party, a extrema direita do Partido Republicano.
Obama ainda amargou, no dia 5, a primeira redução da nota de crédito dos Estados Unidos pela Standard & Poor’s. No dia seguinte, 30 soldados americanos morreram durante ataque do Taleban contra um helicóptero dos EUA no Afeganistão. Os republicanos aproveitaram cada episódio para disparar torpedos contra o presidente.
FOLHA DE S.PAULO
Agricultura pagou R$ 6,5 mi a empresa em nome de laranjas
O Ministério da Agricultura pagou R$ 6,5 milhões neste ano para uma empresa registrada em nome de laranjas e com sede de fachada. Com um ano e dois meses de atividade, a Commerce Comércio de Grãos Ltda. está entre as dez empresas que mais receberam dinheiro do ministério em 2011, ficando atrás apenas de gigantes do setor de alimentos como a Bunge, Cargill e Amaggi.
Os pagamentos foram feitos entre fevereiro e maio como prêmio pela compra de milho de produtores rurais feita pela Commerce. Esse é um incentivo dado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), por meio de leilões, para evitar o acúmulo de estoques quando o preço de mercado está abaixo do mínimo definido pelo governo.
O responsável pela liberação do pagamento é o superintendente de Operações Comerciais da Conab, João Paulo de Moraes Filho, funcionário de carreira do órgão e içado ao posto quando o hoje ministro Wagner Rossi (PMDB) presidia a Conab. Moraes Filho virou homem de confiança de Rossi, a ponto de seu nome ter sido defendido pelo ministro, este ano, para ocupar cargo estratégico de secretário de Política Agrícola da pasta.
A sede da Commerce registrada na Receita e na Junta Comercial de São Paulo é um sobrado residencial em Mogi Mirim (164 km de São Paulo), sem qualquer identificação da empresa. Um casal com duas crianças vive no imóvel.
Sócio diz que dinheiro é “achado de Deus”, e Conab nega irregularidade
Um dos sócios da Commerce Comércio de Grãos, Ivanilson de Carvalho Rufino, disse que os R$ 6,5 milhões recebidos do Ministério da Agricultura foram “um achado de Deus”, obtidos pelos méritos da empresa, “com luta, com trabalho”. “Faço negócios com eles [irmãos Stein Pena], só negócios”, disse à Folha. “Quem dera [ser laranja]. Eles são ricos, eu sou pobre.” Rufino se recusou a dar detalhes sobre a Commerce.
Questionado se ele era dono ou apenas funcionário da empresa, respondeu: “Isso não é da sua conta”. O contato com Rufino foi feito por telefone. Antes, a Folha tentou localizá-lo em casa, na periferia de Belo Horizonte, mas ele não estava.
Turismo foi avisado sobre investigação do TCU há 4 meses
Além da Polícia Federal, o TCU (Tribunal de Contas da União) também avisou o gabinete do ministro Pedro Novais (Turismo) há quatro meses sobre suspeitas de fraude em convênio no Amapá. Em 7 de abril, o TCU enviou ofício ao ministério pedindo esclarecimentos sobre um contrato para treinamento de mão de obra firmado com o Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável). No dia 12 de maio, o Turismo respondeu ao TCU negando qualquer irregularidade na contratação da ONG.
Como a Folha noticiou ontem, a PF informou ao ministro Pedro Novais que investigava o caso e solicitou que ele mandasse, “com urgência”, cópia integral do processo que resultou no convênio. O ofício com o pedido foi assinado por um delegado da PF e enviado em 13 de abril. Na época, o ministro Pedro Novais não anunciou qualquer medida para sanear o convênio ou interromper a liberação de verbas.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério do Turismo negou inicialmente que o ministro e a cúpula da pasta soubessem que o convênio do Amapá estava sendo investigado pela PF. Posteriormente, confrontada com o documento, o ministério informou que o pedido da PF foi enviado diretamente ao chefe da assessoria especial de Controle Interno.
Foragido da PF está em Miami, diz família
Parentes do empresário Humberto Silva Gomes, foragido da Polícia Federal, afirmaram na madrugada de ontem que ele está em Miami (EUA) e deve retornar ao Brasil na semana que vem para prestar depoimento. Ele é sócio da Barbalho Reis Comunicação e Consultoria, uma das empresas que, segundo a PF, participavam de fraudes e desvio de verbas do Ministério do Turismo. Humberto teve a prisão preventiva decretada na Operação Voucher da PF e, como não foi encontrado, foi incluído na chamada “lista vermelha” da Interpol, polícia internacional.
Todas as 34 pessoas presas na operação foram liberadas. A família de Humberto esteve na madrugada de ontem na porta do Iapen (Instituto de Administração Penitenciária do Amapá) à espera da liberação do irmão dele, Hugo Leonardo Silva Gomes. Hugo é sócio da Sinc Recursos Humanos e Automação, também investigada. Em diálogo gravado com autorização judicial publicado ontem na Folha, Humberto orienta um interlocutor a superfaturar contratos com o governo federal. “É para o governo, joga o valor por três, tudo vezes três”, diz.
No primeiro mandato, Dilma é a presidente que mais demitiu (análise)
A diferença numérica não é grande, mas Dilma Rousseff estabeleceu um novo recorde de demissão de ministros no início de governo para uma presidente eleita pelo voto direto e exercendo seu primeiro mandato. Três ministros já saíram neste ano da administração federal. Depois que o Brasil retornou à democracia, em 1985, o máximo que um presidente eleito de maneira direta e em primeiro mandato demitiu foram dois ministros ao começar a governar.
Foi assim com Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. Cada um deles demitiu dois ministros até a metade do primeiro ano de seus mandatos. Lula foi a exceção, pois ninguém perdeu a cadeira na Esplanada até agosto de 2003, ano em que o petista chegou ao Planalto.
José Sarney, primeiro presidente civil pós-ditadura e eleito de forma indireta, também demitiu pouco no início de seu governo: só dois. Itamar Franco demitiu seis ministros nos seus primeiros meses no Planalto. Mas ele não havia sido eleito para o cargo. Era vice-presidente e assumiu depois do processo de impeachment de Collor, em 1992. Com uma base de apoio frágil, Itamar alterou muito sua equipe. Depois de reeleitos, Lula e FHC passaram a demitir mais. Tanto o petista como o tucano se livraram de dez ministros cada no início de seus segundos mandatos.
Kassab confirma veto a projeto do Dia do Orgulho Hétero
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) decidiu vetar o projeto de lei que cria o Dia do Orgulho Heterossexual em São Paulo. Para Kassab, a medida é “despropositada”. Kassab confirmou o veto ao projeto em entrevista ao jornal “Agora São Paulo”, do Grupo Folha, que lança hoje seu novo projeto gráfico.
Na primeira manifestação sobre o tema, dois dias após a aprovação, Kassab disse que o projeto não incentivaria a homofobia. “É um projeto como outro qualquer”, afirmou o prefeito na ocasião. Em menos de dez dias, Kassab mudou de opinião. “O heterossexual é maioria, não é vítima de violência, não sofre discriminação, preconceito, ameaças ou constrangimentos. Não precisa de dia para se afirmar”, disse o prefeito na entrevista ao “Agora São Paulo”.
O autor do projeto de lei que cria o Dia do Orgulho Hétero é Carlos Apolinario, do DEM, partido que Kassab deixou para fundar o PSD. Ontem, a nova legenda fez sua convenção nacional em São Paulo e elegeu Kassab como seu presidente nacional. Apolinario, membro da igreja Assembleia de Deus, disse ontem, em artigo na Folha, que seu objetivo com foi “debater o que é direito e o que é privilégio”.
PAC põe em xeque promessas de Dilma
A execução de obras e projetos novos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), entre os quais estão as principais promessas de campanha da presidente Dilma Rousseff, está bem abaixo do sugerido pelos balanços oficiais. Levantamento feito pela Folha mostra que ações orçamentárias do PAC iniciadas em 2011 receberam, até julho, apenas 7,8% do total programado para o ano, mesmo estando livres do bloqueio de gastos promovido no início do governo.
No balanço divulgado no final do mês passado, o governo apresentou uma taxa de execução de 37,5% para os investimentos do PAC 2, como foi batizada a segunda etapa do programa. O motivo da diferença é que os dados oficiais incluem tanto projetos novos quanto os remanescentes do governo Lula -ou seja, na prática, o governo passou a chamar de PAC 2 também parcela do PAC 1 não encerrada na gestão anterior.
Assim, o balanço apresentou desembolsos, até julho, de R$ 10,3 bilhões, de um investimento programado para o ano de R$ 27,5 bilhões. Desse total, a pesquisa da Folha considerou R$ 8,8 bilhões em projetos novos, dos quais foram pagos menos de R$ 700 milhões.
Ações estão em andamento, diz Planejamento
Responsável pela execução do PAC, o Ministério do Planejamento afirma que as ações listadas pela Folha estão “em pleno andamento, dentro do cronograma previsto e das metas estabelecidas no PAC 2”. O governo argumenta que o índice de 7,8% de execução orçamentária levantado pela Folha é um “indicador limitado”, porque os investimentos são para projetos que ainda não estão na fase de obra propriamente dita.
Dilma perdeu a voz no Congresso (artigo Elio Gaspari)
Na semana passada viu-se na Câmara um fenômeno raro como os eclipses, a maioria do governo obstruiu os trabalhos do plenário. Poucas vezes foi tão grande a distância entre as políticas públicas do Planalto e a representação do governo no Congresso. Quem lembrar de uma frase dos líderes Romero Jucá ou Cândido Vaccarezza explicando uma iniciativa da doutora Dilma ganha uma viagem de ida a Havana. Se o problema fosse só esse, talvez tivesse solução fácil. A dificuldade está na falta de parlamentares dispostos a se fazer ouvir falando coisas relevantes a respeito de temas como saúde, educação ou segurança.
A culpa não é toda deles, pois também não sabem o que devem discutir. O PT disciplinou suas bancadas ensinando-as apenas o que não devem dizer. A abulia dos poderosos da ocasião produziu um governo atrelado a uma agenda circunstancial, defensiva e oca. Arrisca-se transformar em profecia uma frase do deputado Luís Eduardo Magalhães: “Não há perigo de dar certo”.
Injeção letal teria sido usada no Araguaia
Soldados da Guerrilha do Araguaia (1972-74) reconheceram um coronel aposentado de Belém como sendo o médico de bases militares onde ocorreram torturas e levantam a suspeita de seu envolvimento na morte de guerrilheiras com injeções letais. Quatro ex-soldados localizados pela Folha identificaram, por foto, Walter da Silva Monteiro, 74, como o médico militar conhecido à época como “capitão Walter”.
A suspeita de sua participação nas mortes surgiu em um vídeo com dois ex-soldados, gravado em abril pelo grupo do governo federal que procura ossadas das vítimas. As testemunhas dizem ter convivido com Monteiro no 52º Batalhão de Infantaria de Selva, em Marabá (PA), de onde partia para missões em outras bases na região. O reconhecimento do “capitão Walter” foi feito por meio de sua imagem contida num registro de candidatura, guardado no Tribunal Regional Eleitoral do Pará. Em 2002, ele tentou se eleger deputado federal pelo PHS.
Médico nega envolvimento na guerrilha
O coronel da reserva Walter da Silva Monteiro negou ter participado da Guerrilha do Araguaia. O primeiro contato ocorreu por uma mensagem de celular, em 15 de julho. O número foi dado pelo vereador Fernando Dourado (DEM), que propôs o título de “Cidadão de Belém” a Monteiro e disse desconhecer a participação dele na guerrilha.
Informado dos relatos dos ex-soldados sobre seu envolvimento em mortes por injeção letal, ele respondeu: “Você é louco. Nessa época eu tinha 16 anos e nem formado eu era, muito menos militar. Vá se informar direito!” Mas, de acordo com seu registro eleitoral, em 1972, quando o conflito começou, ele completou 35 anos.
Moçambique oferece terra à soja brasileira
O governo de Moçambique está oferecendo uma área de 6 milhões de hectares -equivalente a três Sergipes – para que agricultores brasileiros plantem soja, algodão e milho no norte do país. A primeira leva de 40 agricultores parte de Mato Grosso rumo a Moçambique – a próxima fronteira agrícola do Brasil – no mês que vem. As terras são oferecidas em regime de concessão – os brasileiros podem usá-las por 50 anos, renováveis por outros 50, mediante um imposto módico de 37,50 meticais (R$ 21) por hectare, por ano.
“Moçambique é um Mato Grosso no meio da África, com terra de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete muito mais barato para a China”, diz Carlos Ernesto Augustin, presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). “Hoje, além de a terra ser caríssima em Mato Grosso, é impossível obter licença de desmate e limpeza de área.”
Augustin organizou a missão de agricultores para ir ao país em setembro ver as terras. Um consultor da Ampa já está no país contatando autoridades e preparando a viagem. “Quem vai tomar conta da África? Chinês, europeu ou americano? O brasileiro, que tem conhecimento do cerrado”, diz Augustin.
“Os agricultores brasileiros têm experiência acumulada que é muito bem-vinda. Queremos repetir em Moçambique o que eles fizeram no cerrado 30 anos atrás”, afirma o ministro da Agricultura de Moçambique, José Pacheco. “A grande condição para os agricultores é ter disposição de investir em terras moçambicanas”, diz Pacheco. É preciso empregar 90% de mão de obra moçambicana.
O GLOBO
Gilbertinho, o ‘grilo falante’ da presidente Dilma Rousseff
Até dezembro passado, ele entrava quando queria no principal gabinete do Palácio do Planalto e tinha a liberdade de chamar o presidente pelo nome. Nos oito anos do primeiro governo petista, como chefe de Gabinete, Gilberto Carvalho ouvia Lula esbravejar, gritar e xingar, inclusive palavrões impublicáveis. Era também o companheiro que dividia com o ex-presidente as angústias e a cachaça nos momentos difíceis, como ele mesmo já contou algumas vezes. Com Dilma Rousseff, o petista fundador tem uma relação mais formal, sem a liberdade de antes. Mas a presidente o chama carinhosamente de “Gilbertinho” – aprendeu com Lula, que só o trata assim há mais de 30 anos. Gilberto ganhou mais visibilidade política, tendo atuado como bombeiro em todas as crises vividas por Dilma até agora, inclusive na interlocução com os partidos.
No governo Lula, Gilberto trabalhava para dentro. Agora, como secretário-geral da Presidência, recebeu de Dilma a tarefa de ser o “grilo falante” do governo, fazendo chegar a ela as reivindicações e posições dos movimentos sociais. Rapidamente ganhou também esse perfil mais político, com atuação mais para fora. E tem agradado tanto a Dilma quanto aos políticos. Pelos sindicalistas é visto como aliado.
O ministro faz parte da coordenação de governo – grupo integrado pela presidente, pelo vice Michel Temer e por alguns ministros, que se reúne normalmente na segunda-feira, para definir a estratégia palaciana em todas as frentes. Integra ainda a equipe restrita que diariamente participa do briefing matinal com ela, para avaliação do noticiário. Depois da reunião matinal, Gilberto costuma voltar mais de uma vez ao gabinete presidencial, chamado por Dilma.
Participou, por exemplo, da reunião de Dilma com Ideli, Gleisi e Helena que avaliou o impacto das polêmicas declarações do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim e selou o seu destino. Mesmo sem muita intimidade com a presidente, dentro de uma relação construída ao longo do governo Lula, Gilberto tem a liberdade de alertar Dilma quando ela é mais ríspida com outros ministros ou auxiliares. E a presidente costuma ouvi-lo.
Rio: Estado pagou R$ 354 mi a cooperativas de médicos sem contrato
Foi na França, entre o fim do século XVIII e início do XIX, que o direito adotou definitivamente a exigência de contratos formais na administração. O objetivo era garantir responsabilidades e punir os desvios por meio de um documento reconhecido pela Justiça. Embora essa exigência tenha sobrevivido ao tempo e se espalhando por vários países, ainda hoje há casos na gestão pública em que prevalece o chamado acordo informal, medida que dificulta a fiscalização do uso dos recursos, além de contrariar a legislação.
É o caso da Secretaria estadual de Saúde. Entre 2007 e 2010, o órgão pagou R$ 354 milhões a 26 cooperativas médicas, sem assinar qualquer contrato prévio com essas entidades, que são responsáveis por fornecer mão de obra às unidades de saúde. O dinheiro foi repassado seguidamente, por termos de reconhecimento de dívida, um instrumento que autoriza os pagamentos, mas não dispensa a assinatura de contratos.
A situação desses pagamentos na saúde, uma das áreas mais críticas do estado, consta de um relatório feito por técnicos do Tribunal de Contas do Estado (TCE) em julho. Do total desembolsado pela secretaria, cerca de 52% foram para três cooperativas: Trust, Multiprof e ServiceCoop. No documento, os técnicos do tribunal alertam para o fato de que esses pagamentos sem contrato ferem a Lei de Licitações. O entendimento é o mesmo de Manoel Messias Peixinho, professor de direito administrativo da PUC-Rio.
Consultado pelo GLOBO, ele classificou o caso como uma “irregularidade gritante”, em se tratando de órgão público. O professor diz que o caso das cooperativas não se enquadra nem mesmo em situações emergenciais, em que se poderia dispensar a concorrência pública, mas nunca a assinatura de contrato formal.
‘As agências de classificação de risco são todas 171’ (trecho de entrevista com Delfim Netto)
A nota “AAA” é a melhor classificação que uma agência de risco pode dar a um país, restando aos piores, os não confiáveis, um D. Com sorriso maroto, o economista e ex-ministro da Fazenda e do Planejamento Delfim Netto não hesita em reduzir a nota das agências de risco, como a S&P, para e ironiza o rebaixamento dos EUA.
Ele só não é o mesmo de antigamente, porque, aos 83 anos, está ainda mais sarcástico: “As agências são todas 171 Ele poupa, por ora, a equipe econômica do governo brasileiro. Mas alfineta a política de juros altos do Brasil dizendo que ele é “o último peru disponível com farofa na mesa dos investidores, fora do Dia de Ação de Graças”.
O GLOBO: Logo depois que a S&P rebaixou a nota dos Estados Unidos, de “AAA” para “AA+”, os títulos americanos continuaram sendo muito procurados. Não é um contrassenso?
DELFIM NETTO: Depois da decisão, a demanda por títulos americanos foi quatro vezes maior que a venda. É a prova de que a S&P está desmoralizadíssima, porque só fez tolices nos últimos anos. E não foi só ela. As agências de rating são especialistas em fechar o portão depois que a boiada foi embora.
O GLOBO: Que nota o senhor daria para as agências?
DELFIM: A pior nota, DDD -. As agências de rating nunca demonstraram capacidade de previsão. Elas são, o que se classifica no Código Penal Brasileiro de 171, porque vendem o que não têm. Logo, é um estelionato. As agências de rating são um modelo falido e vão acabar se dissolvendo, porque simplesmente não valem nada. Tem que ser muito ingênuo para acreditar e levar a sério as notas que elas dão. Elas são fruto de um conluio que se estabeleceu no mundo. Na verdade, o sistema financeiro é igual ao criminoso: ele adora voltar o local do crime.
Desembargador deixa escapar que polícia investiga 12 suspeitos de assassinar juíza Patrícia Acioli
O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra, chegou, no fim da manhã deste sábado, à Divisão de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca, para acompanhar a investigação da morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada na madrugada de sexta-feira quando chegava em casa, em Niterói . Ele estava acompanhado do presidente da Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ), o desembargador Antônio Siqueira. Calandro revelou que 12 pessoas são suspeitas de envolvimento com o crime: – Desses 12 suspeitos de participar do atentado à nossa colega, com certeza, grande parte deles deve ter condenações anteriores.
Após ficar cerca de uma hora reunido com investigadores na DH, Calandra deixou o local por volta de meio-dia. Ele minimizou a afirmação do número de suspeitos de envolvimento no caso: – A gente sabe que é um número elevado de agressores. Ao menos, mais do que um. O número de 12 agressores é o que está sendo dito pela mídia, o que tem se falado. Não vamos entrar no mérito da investigação. Confiamos na polícia e estamos aqui para prestar solidariedade. Viemos trazer a certeza de que os criminosos sejam presos e processados.
Operação na Amazônia destrói pista clandestina, desativa garimpo e prende seis
Balanço da Operação Ágata, realizada pelas Forças Armadas para combater tráfico de drogas e destruição do meio ambiente na fronteira do Brasil com a Colômbia, mostra que uma pista de pouso clandestina já foi destruída, duas toneladas e meia de mercadoria apreendidas, e um garimpo e uma madeireira desativados. A operação acontece desde o dia 5 de agosto.
Na última quarta-feira, a Aeronáutica destruiu uma pista clandestina para pousos de aviões. Localizada a 50 quilômetros de São Gabriel da Cachoeira e a cerca de três quilômetros do Rio Negro, a pista de terra media 1,4 mil metro de comprimento por 15 metros de largura e aeronaves como Caravans, Sênecas pousavam no local.
Quatro caças A-29 Super Tucano lançaram duas bombas de 230 quilos, cada. As explosões abriram crateras no solo e impossibilitam seu uso. Há informações da existência de outras quatro pistas naquela localidade utilizadas para o tráfico.
Preços de ‘commodities’ caem e aliviam inflação no Brasil
Diante de uma piora do cenário mundial, especialmente devido aos temores de recessão nos EUA, a inflação deixaria de ser a maior preocupação da equipe econômica do Brasil, apostam alguns analistas. Até o mercado já acredita em juros menores no fim do ano, diante de uma inflação mais comportada. Muda a prioridade, alegam.
Para muitos, a questão crucial passa a ser o nível de atividade da economia e os investimentos – que podem tirar o país da rota de um crescimento sustentado. E duas variáveis vão dar o tom dos preços: as commodities e o dólar.