O encontro de ontem (31) entre o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o presidente Lula garantiu apenas otimismo em relação a redução dos subsídios agrícolas nas negociações da Rodada Doha. Esse foi o ponto mais sensível na agenda do encontro já que os dois países negociam liberalização comercial no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
“Temos urgência de chegar a um acordo ambicioso e equilibrado. A Rodada Doha é central na luta contra a pobreza”, disse Lula, mas emendou em tom irônico avaliando que "se alguém perguntar o que você está levando para o Brasil, certamente eu direi: nada".
“Agora, certamente, os acordos que assinamos hoje e os acordos que poderemos assinar daqui para diante podem garantir, definitivamente, que a relação entre Estados Unidos e Brasil não só é necessária, mas estratégica para que a gente possa consolidar um novo modelo de desenvolvimento, uma nova política comercial e, sobretudo, uma nova maneira de tratar os problemas graves que hoje afligem o planeta”, refletiu Lula.
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Apesar de assinar acordos com os Estados Unidos na aérea de biocombustível, o presidente Lula não deixou pedir a eliminação de subsídios pelos países ricos e citou o caso do etanol. Ele pediu a queda da tarifa de importação que os EUA cobram do etanol brasileiro, de R$ 0,30 por litro. "É preciso eliminar as barreiras para o etanol, para fazer uma verdadeira commodity", pediu Lula.
Na contra-mão dos pedidos brasileiros, os países ricos pedem mais aberturas para seus produtos industrializados antes de se pensar na eliminação dos subsídios agrícolas concedidos aos seus agricultores. O presidente norte-americano deu em suas declarações o tom dessa briga diplomática e demonstrou que não deve ceder aos apelos com facilidade. "Os EUA tem o desejo genuíno de que [a Rodada Doda"] seja bem-sucedida. Que nossos parceiros não esperem e nós não esperamos ter de carregar os ônus todos sozinhos".
Ao se referir ao Brasil, Bush pediu justamente maior acesso aos mercados. O presidente dos Estados Unidos classificou o Brasil de "forte exportador" e disse que é do interesse do Brasil abrir acesso aos mercados. "O mundo tem uma tendência isolacionista e protecionista. Isso faz o mundo instável", cobrou Bush.
Durante o encontro, os dois governos também confirmaram o Haiti como destino de investimentos do memorando de biocombustíveis assinado pelos dois presidentes em São Paulo no início de março. República Dominicana, São Cristóvão e Nevis e El Salvador são os demais países incluídos na parceiria entre Brasil e Estados Unidos no setor. (Lúcio Lambranho)
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