Desde a legislatura encerrada em fevereiro de 1995, os empresários não formavam uma bancada tão numerosa no Congresso. Dos 618 congressistas que assumiram o mandato este ano, entre titulares e suplentes, 219 (35%) têm algum tipo de empresa – são 190 deputados e 29 senadores.
O grupo constitui, na atual legislatura, a maior bancada suprapartidária formada em torno de temas e interesses comuns. A lista inclui todos aqueles que são sócios de empresas ou exercem atividade empresarial urbana ou rural, inclusive agricultores (desde que não se dediquem à agricultura familiar), pecuaristas e parlamentares que controlam complexos empresariais embora seus nomes não figurem como cotistas do capital.
Os dados estão no livro O que esperar do novo Congresso – perfil e agenda da legislatura 2007/2011, que o Congresso em Foco lançará amanhã (quarta, 16), no 10º andar do Anexo IV da Câmara dos Deputados. O trabalho foi desenvolvido em parceria com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), em projeto patrocinado pela Brasil Telecom.
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Entre os parlamentares empresários, está Camilo Cola (PMDB-ES), o segundo mais idoso (83 anos) entre os deputados. Camilo, que está em seu primeiro mandato, é dono da Viação Itapemirim, uma das maiores empresas de transporte rodoviário do país. Ele foi também o congressista que declarou à Justiça Eleitoral ter o maior patrimônio: R$ 259,5 milhões.
Outra bancada que apresenta crescimento expressivo nesta legislatura é a dos ruralistas, com 120 integrantes no Congresso. Na última legislatura (2003/2007), ela era composta por 111 parlamentares. Hoje, eles representam 19,5% dos deputados e senadores.
Evangélicos e sindicalistas em queda
Dois tradicionais grupos suprapartidários, no entanto, tiveram queda no número de congressistas entre a última e a atual legislatura: os evangélicos e os sindicalistas. A bancada sindicalista teve redução de 11 congressistas – eram 74 na última legislatura e agora são 63. Desses, 47 são petistas.
Na última legislatura, os evangélicos somavam mais de 60 parlamentares. A bancada diminuiu, em parte, por causa do envolvimento de vários de seus integrantes num escândalo que sacudiu o Congresso: o da máfia das ambulâncias.
Atualmente, a bancada conta com 43 representantes. Na Câmara, 41 deputados são evangélicos (8%); no Senado, são apenas dois: Magno Malta (PR-ES) e Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo.
Negros e mulheres
Outra dado apontado pelo livro é a baixa representação das mulheres e dos negros no Legislativo. A participação feminina no Parlamento não passa de 9%, enquanto a de afrodescendentes é de 2,5%. A representação de brasileiros de origem asiática (0,6%) guarda relação com a participação que esse grupo populacional possui no país. O novo Congresso não tem nenhum membro de comunidades indígenas.
O levantamento também mostra que ser empresário, ter ocupado cargo público e ser parente ou cônjuge de políticos são as características comuns mais marcantes dos recém-chegados ao Congresso Nacional. Dos 206 parlamentares que chegaram ao Parlamento federal pela primeira vez em 2007, 141 haviam exercido antes outros cargos eletivos (desde vereador até senador e governador).
Dos 65 restantes, os supercalouros do novo Congresso (que jamais exerceram mandato eletivo antes), 41,5% têm algum tipo de atividade empresarial, 34% já ocuparam cargos públicos – desde secretário ou assessor municipal até ministro de Estado – e 34% são parentes ou cônjuges de políticos (leia mais).
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