Reportagem da revista IstoÉ deste fim de semana informa que um empresário libanês pode ser o operador financeiro responsável por depósitos, transferências e saques de bilhões de reais que abasteciam o esquema de corrupção instalado na Petrobras. Segundo a matéria, milhares de transações nos últimos oito anos – dinheiro foi repassado para senadores, deputados, governadores e ministros – foram feitas por Adir Assad, apontado como intermediário de propinas em outro escândalo, em que fraudes foram descobertas em contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) com a empreiteira Delta.
A IstoÉ relata que o envolvimento de Assad com o esquema na Petrobras está demonstrado em um arquivo digital em poder da Polícia Federal. O material contém a quebra do sigilo bancário das empresas do doleiro Alberto Youssef, um dos artífices da corrupção na estatal, e do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, e faz um cronograma da movimentação financeira de contratos de fornecedores da empresa.
Nos sigilos bancários do esquema operado por Youssef, continua a reportagem, a PF descobriu pelo menos cinco das 19 empresas de fachada de Assad – Soterra Terraplenagem, Legend Engenheiros Associados, JSM Engenharia, Rock Star Marketing e SM Terraplanagem. Foram mais de R$ 65 milhões em verbas contratuais desviadas em nome dessas empresas, entre 2009 e 2011, por meio de contratos da Petrobras com a empreiteira Toyo-Setal. O dinheiro foi canalizado por meio da Tipuana Participações LTDA., empresa registrada no nome de Augusto Ribeiro de Mendonça. Executivo do grupo Toyo, Mendonça firmou com o Ministério Público Federal um acordo de delação premiada, para tentar reduzir eventual condenação pela Justiça.
Leia também
A revista lembra ainda que, em 2012, o dono da Delta, Fernando Cavendish, delatou as ações de Assad nos contratos do DNIT durante a CPI que investigou as relações do bicheiro goiano Carlinhos Cachoeiras com autoridades. Na ocasião, Cavendish citou o nome de 19 empresas fantasmas que teriam sido usadas pelo empresário libanês para receber os recursos desviados do órgão de transporte. Assad foi à CPI protegido por habeas corpus, nada falou e, por ação da base governista no colegiado, teve o sigilo de suas empresas preservado.
“A força-tarefa da Operação Lava Jato […] quer saber agora quem foram os destinatários finais do dinheiro recebido por Assad. Chama a atenção dos procuradores, por exemplo, três depósitos idênticos de R$ 783.546,93 feitos simultaneamente, no dia 18 de dezembro de 2009, nas contas das empresas Rigidez, Legend e DFS Participações. Ocorre que o dia 18 de dezembro marcou o encerramento da CPI que investigou a Petrobras em 2009. A investigação sobre a estatal terminou como tantas outras, sem qualquer punição. A PF suspeita que o dinheiro repassado pela Tipuana serviu para selar o acordo para pôr um fim na CPI. Nas semanas que antecederam essa operação, a Legend, de Assad, recebeu outros R$ 12 milhões. A PF já sabe que a empreiteira Rigidez, que recebeu no total R$ 62 milhões da Tipuana, pertence ao doleiro Alberto Youssef. Já a DFS está registrada em nome do próprio Augusto de Mendonça”, diz trecho da reportagem.
A revista lembra ainda que na última semana o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), pediu a quebra de sigilo de uma das empresas de Assad. “Com as novas evidências, Bueno vai ampliar seu pedido para todo rol de empresas ligadas a Assad. Para a Polícia Federal, é necessário quebrar também o sigilo bancário de todas as empresas ligadas a Augusto de Mendonça”, diz a IstoÉ.
Publicidade