A revista Veja da próxima semana, já disponível nas bancas, mostra, em reportagem de Chrystiane Silva e José Edward, uma discrepância entre o discurso e a prática do vice-presidente José Alencar (PRB). Crítico da política de juros altos adotada pelo Banco Central, a empresa Coteminas, de propriedade de Alencar, teria acesso a linhas de crédito do governo com juros altamente subsidiados, com taxas reais (descontada a inflação) que muitas vezes ficam abaixo dos níveis cobrados até em países de Primeiro Mundo.
A matéria indica que até agora, nos três anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto Alencar criticava os juros do Banco Central, a Coteminas tomava emprestados R$ 421 milhões do governo, utilizando dois tipos de créditos subsidiados. R$ 221 milhões foram sacados em crédito rural, na modalidade de Empréstimos do Governo Federal (EGF) para matéria-prima, cuja taxa é tabelada, por lei, em 8,75% ao ano. Os outros R$ 200 milhões foram liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com taxas entre 12,25% e 14%.
A reportagem ressalva que a Coteminas “já recebia empréstimos como esses no governo anterior”, mas nota que o volume aumentou 35% sob o governo petista, nas duas modalidades de créditos. Em 2001 e 2002, a Coteminas recebeu R$ 241 milhões; em 2003 e em 2004, o valor subiu para R$ 324,3 milhões. Para efeito de comparação, a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), a mais criticada por Alencar, está hoje em 18,5% ao ano.
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