Fábio Góis
Depois de 43 anos ininterruptos de atividade política, o senador Marco Maciel (DEM-PE), que tentava a reeleição para o quarto mandato não consecutivo, subiu hoje (terça, 5) à tribuna do plenário do Senado para fazer uma espécie de discurso de despedida da Casa. Co-fundador do PFL (atual DEM), o parlamentar mostrou resignação ao comentar o resultado da escolha do eleitorado e, diante de diversos apartes de homenagem, relembrou momentos de sua trajetória pública em Pernambuco.
Derrotado nas urnas pelo ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT) e pelo deputado Armando Monteiro Neto (PTB), Marco Maciel chegou a se emocionar a certa altura do discurso, diante de senadores do governo e oposição que se revezaram nos apartes elogiosos. A intervenção do congressista pernambucano tomou cerca de uma hora da sessão não deliberativa (sem votações), que se alongou por quase cinco horas na tarde desta terça-feira, apenas com discursos.
Revezaram-se em manifestações carinhosas a Marco Maciel os senadores Antônio Carlos Júnior (DEM-BA), Roberto Cavalcanti (PRB-PB), Papaléo Paes (PSDB-AP), Eduardo Suplicy (PT-SP), Neuto de Conto (PMDB-SC), Demóstenes Torres (DEM-GO), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Alvaro Dias (PSDB-PR).
“Desejo iniciar minhas palavras expressando o meu agradecimento a Deus, que me permitiu, com resignação e humildade, aceitar os seus elevados desígnios. E ao povo pernambucano, igualmente agradeço o privilégio de, nos últimos 40 anos, tê-lo representado nos mais altos fóruns do País”, discursou o senador, que ainda terá a tribuna do plenário à disposição até 31 de dezembro, quando encerra o mandato.
De longa data
Ex-vice-presidente da República nos dois mandatos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Marco Maciel foi aparteado pelo colega de estado e geração política Jarbas Vasconcelos, um dos fundadores do PMDB. Foi um dos momentos mais emocionados da sessão – Jarbas defendeu o colega das palavras do presidente Lula, que, para eleger candidatos aliados ao Senado e preparar o terreno para Dilma Rousseff na Casa, disse mais de uma vez que Marco Maciel transcorreu décadas como protagonista político em Pernambuco, sem reverter essa experiência em benefício dos pernambucanos.
“Quem o agrediu foi nada mais nada menos que o presidente da República – que, na maioria das vezes, se torna uma figura pequena, tacanha. E foi assim que ele se comportou no centro do Recife antigo quando o agrediu, dirigindo-lhe palavras grosseiras, chulas, impróprias, sem o mínimo de respeito a um parlamentar, ex-governador, ex-ministro, ex-vice-presidente da República, presidente da República – pois vossa excelência tantas vezes ocupou a Presidência”, protestou Jarbas.
No Senado, parlamentares que fizeram oposição ao governo do presidente Lula foram derrotados nas urnas. A exemplo de Marco Maciel, nomes como o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM); o primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), e o ex-presidente nacional do PSDB Tasso Jereissati (CE), críticos contumazes de Lula, não retornarão à Casa para mais oito anos de mandato.