“Houve simpatia por parte do embaixador, que se mostrou à disposição. Mas ele disse que sua presença só será possível se houver autorização de Washington. Ele já comunicou o governo americano sobre o convite”, disse Ferraço. O peemedebista afirmou que não conversou mais a fundo com o embaixador norte-americano sobre o caso de espionagem e se limitou apenas ao convite. “A gente não falou sobre isso, porque esse é o diálogo que queremos fazer aqui, de forma transparente e oficial na CRE.”
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De acordo com Ferraço, o embaixador afirmou que as interceptações americanas se limitaram aos metadados, ou seja, apenas às informações sobre quem falou com quem, quando e por quanto tempo. “Ele garantiu que em hipótese alguma, isso significou a violação do conteúdo daquilo que se interceptou. Mas nós achamos que essa infomação ainda é insuficiente”, disse.
Por ter imunidade diplomática, Shannon não é obrigado a comparecer ao Senado. No entanto, Ferraço acredita que ele deverá ir à comissão, pois considerou o convite uma “oportunidade” de esclarecer os fatos. O senador também não descarta a possibilidade da audiência ser fechada. “Se ele solicitar uma sessão reservada, isso está previsto na Constituição e no nosso regimento. Para tê-lo aqui, para esse diálogo com o Senado, podemos sim ter essa sessão reservada se ele considerar que existem informações estratégicas que não podem ser faladas de outra forma”, disse.
Audiência
Nesta terça-feira (16), a comissão ouvirá, às 14h, o repórter do jornal britânico The Guardian, Glenn Greenwald, autor das reportagens que revelaram a espionagem americana no Brasil. Em parceria com Greenwald, reportagens do jornal O Globo mostram que o governo americano monitorou emails e telefonemas de brasileiros a partir de uma base de espionagem instalada em Brasília. As informações foram obtidas em documentos vazados por Edward Snowden. Desde a semana passada ele está na área de trânsito do aeroporto de Moscou sem poder viajar.
PublicidadeNa semana passada, a comissão ouviu os ministros da Defesa, Celso Amorim, das Relações Exteriores, Antônio Patriota e das Comunicações, Paulo Bernardo, além do ministro-chefe do Gabinete de segurança Institucional da Presidência, general José Elito. Eles admitiram que o sistema brasileiro de segurança virtual ainda está na “infância”e tem baixo investimento. “Precisamos considerar como estratégico e prioritário o desenvolvimento de projetos que possam ampliar a proteção da tecnologia do nosso país. Não faz sentido um país que trabalha há alguns anos para ter um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, e não ter sequer um satélite nacional. Estamos absolutamente fragilizados e quero crer que ao final desses estudos, o governo brasileiro responda com velocidade em torno dessa fragilidade”, afirmou Ferraço.