A embaixada da Venezuela em Brasília foi tomada por apoiadores do presidente autoproclamado da Venezuela, Juan Guaidó, na madrugada desta quarta-feira (13). Representantes do corpo diplomático que apoiam o Nicolás Maduro, movimentos sociais e líderes da oposição classificam a medida como uma invasão e chamaram a polícia para o local para tentar reverter a situação.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por sua vez, demonstrou apoio ao movimento. Já o governo negou qualquer tipo de apoio à invasão e disse que as forças de segurança estão trabalhando para restaurar a ordem no local.
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Segundo representantes da oposição brasileira que foram ao local demonstrar apoio aos diplomatas que negociam com os apoiadores de Guaidó, o problema começou por volta das 4h30 quando venezuelanos e brasileiros que apoiam Guaidó chegaram ao local. São de 15 a 20 pessoas que entraram na embaixada e permanecem no prédio até a manhã desta quarta-feira com os representantes do corpo diplomático venezuelano – muitos desses diplomatas moram na embaixada e estão no local com os filhos pequenos.
“Houve um confronto. A embaixada foi sitiada por um grupo de brasileiros e venezuelanos. […] É uma clara violação do direito internacional, uma invasão do território da embaixada da Vanezuela dentro do Brasil”, reclamou o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que conseguiu entrar na embaixada para conversar com os venezuelanos.
Depois das primeiras conversas com os diplomatas, o deputado chegou a dizer que os apoiadores de Guaidó que assumiram a embaixada estão fardados e são milicianos. Pimenta ainda falou que existem indícios de que a polícia do Distrito Federal e o Itamaraty teriam respaldado a ação dos apoiadores de Guaidó. “É uma situação delicada, que revela a vontade de provocar um confronto durante a realização dos Brics no Brasil”, disse o deputado do PT. Veja o que o deputado falou na embaixada:
Paulo Pimenta explica como ocorreu a invasão da Embaixada da Venezuela em Brasília https://t.co/exX0QK5acw
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) November 13, 2019
Em carta que circula nas redes sociais, contudo, os apoiadores de Juan Guaidó afirmam que tomaram a embaixada porque os próprios diplomatas teriam reconhecido o presidente autoproclamado da Venezuela e, por isso, entregaram voluntariamente o prédio da embaixada em Brasília. Segundo essa carta, que é assinada pela agora embaixada autoproclamada na Venezuela no Brasil, María Teresa Expósito, a ação já teria sido comunicada ao Ministério de Relações Exteriores da Venezuela.
Ainda segundo ela, mesmo os diplomatas aliados a Nicolás Maduro que moram na embaixada e estão reclamando da ação teriam sido convidados a integrar o novo corpo diplomático sem perder nenhum direito trabalhista. Caso decidissem o contrário, eles teriam apoio da nova embaixadora para negociarem com as autoridades brasileiras o retorno à Venezuela.
María Teresa e os outros diplomatas aliados de Guaidó chegaram a receber o apoio de Eduardo Bolsonaro. O deputado disse que “ao que parece agora está sendo feito o certo, o justo” e publicou um vídeo nas redes sociais de um dos diplomatas que tomaram a embaixada. Veja:
Bem tranquilo Diplomata Tomás Silva manda recado após entrar na embaixada da Venezuela no Brasil.
Maduro é um narcoditador, não um presidente eleito. Ano passado mais de 80% de venezuelanos não compareceram para votar, fora os que foram votar debaixo de ameaça.#ForaMaduro pic.twitter.com/fRxjqrh3gX
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) November 13, 2019
Depois das declarações de Eduardo Bolsonaro repercutirem entre a oposição, que deixou claro o receio de que o governo tivesse respaldado a ação na embaixada da Venezuela, o governo brasileiro, contudo, emitiu uma nota sobre o assunto. O governo de Jair Bolsonaro negou ter apoiado a invasão e disse que as forças de segurança trabalham para restaurar a normalidade no local. O Executivo também disse, contudo, que sempre “há indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade”.
O clima, portanto, segue tenso na embaixada. Diplomatas aliados de Maduro discutem o futuro da embaixada brasileira com os apoiadores de Guaidó no interior do prédio. A polícia acompanha as discussões do lado de fora, junto com representantes de movimentos sociais e parlamentares de oposição. O senador Humberto Costa (PT-PE) mostrou um pouco dessa negociação nas suas redes sociais. Confira:
#AoVivo negociação dentro da embaixada da Venezuela para retirar os invasores. https://t.co/i9hh6dVROO
— Humberto Costa (@senadorhumberto) November 13, 2019