Suplicy aproveitou para dizer que o PT deve fazer uma reflexão profunda para conhecer melhor a razão das dificuldades enfrentadas pelo partido em São Paulo. Ele também cobrou medidas para “corrigir e não insistir nos tropeços que macularam a imagem” do partido, do qual é um dos fundadores.
O senador lembrou que, ao longo dos muitos anos de Casa, lutou pela implementação de instrumentos de política econômica e social que favorecessem o principio de justiça, com a distribuição de oportunidade a todos e a redução da pobreza.
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Suplicy defendeu as melhorias sociais implementadas pelo governo nos últimos anos e relatou sua luta em favor de mais recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS); da reforma agrária; e da implantação do Programa Renda Básica de Cidadania, um dos principais projetos de sua autoria, a ser adotado de forma gradual pelo governo até atingir toda a sociedade brasileira, a começar pelos mais pobres, de acordo com a Lei 10.835/2004.
Homenagens
Em apartes, diversos senadores saudaram Suplicy. Pedro Simon (PMDB-RS), que também deixa o Senado este ano, disse que Suplicy é uma unanimidade na vida pública, na dignidade, seriedade, integridade, firmeza e garra.
“É das pessoas mais corretas, mais sérias e mais puras que conheci. Suas ideias ficarão, foi o grande nome do PT, o primeiro e único”, afirmou.
Aécio Neves (PSDB-MG) manifestou respeito por Suplicy. Para ele, o representante de São Paulo foi um “homem vinculado a boas causas, generoso e determinado na realização de seus sonhos”. O senador pelo PSDB ressaltou que Suplicy termina seu mandato “com o mesmo vigor, determinação e gesto sempre juvenil, acreditando que é possível militar na política sem abrir mão de nossas convicções e princípios”.
“Faz bem à política brasileira, é um homem do diálogo, do bom convívio e pronto para o bom combate”, afirmou.
Jorge Viana (PT-AC) disse que Suplicy “honrou, honra e honrará sempre o Senado federal, o PT e a bancada do partido na Casa”. “É sinônimo da política que buscamos exercitar pela maneira ética, por princípios que impôs e que estão tão escassos na política brasileira. O Senado perde muito, o PT perde muito, a bancada perde muito mais com a sua ausência”, afirmou.
Randolfe Rodrigues (Psol-AP) disse que Suplicy é um homem que inspirou gerações ontem, hoje e no futuro, um homem de fato republicano. Por sua vez, Inácio Arruda (PCdoB-CE) destacou que Suplicy teve participação ativa em todas as comissões e debates sobre os mais diversos temas no Legislativo.
Coerência
Ex-mulher de Suplicy, Marta Suplicy acrescentou que ele honrou o estado de São Paulo e seus eleitores em todos os momentos, atendendo as reivindicações de humildes e poderosos da mesma forma. Disse ainda que Suplicy sempre foi determinado na busca de seus ideais de vida, o que o caracterizou como um parlamentar extremamente coerente, determinado e competente.
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que revelou ser ex-eleitor de Suplicy, apontou um “substrato comum entre os dois, na mesma visão de democracia, de correção na vida pública e na necessidade de melhoria das condições sociais do povo brasileiro, sempre dentro da liberdade”.
Casildo Maldaner (PMDB-SC), outro que está deixando o Senado, exortou Suplicy a continuar sua caminhada. Ele disse que o petista é uma “espécie de franciscano pela palavra, pelo jeito, pelas teses e pela sua pregação”.
Lídice da Mata (PSB-BA) disse que Suplicy tem compromisso com a igualdade e que ele se notabilizou perante a nação em razão de sua atuação histórica como senador do PT.
‘Reserva moral’
O líder do PT, Humberto Costa (PT-PE) disse que Suplicy é uma “reserva moral e política do PT”, que tem como qualidades “a competência, o preparo, a honestidade e a humildade”.
Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que Suplicy sempre honrou a política e que ele foi uma importante referência de muitos quadros do PT, que o tinham como “aquele que falava em nome das causas populares”.
Suplicy também foi saudado por Gim (PTB-DF), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Eduardo Braga (PMDB-AM), Luiz Henrique (PMDB-SC), Ana Rita (PT-ES), Paulo Paim (PT-RS), Anibal Diniz (PT-AC), Benedito de Lira (PP-AL), Delcídio do Amaral (PT-MS), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Antônio Aureliano (PSDB-MG).
Fundador do PT
Primeiro senador eleito da história do Partido dos Trabalhadores, Suplicy conquistou, ao se eleger para o segundo mandato (1999-2007), a maior votação para o cargo no país e a segunda maior da história de São Paulo, com 6.718.463 votos (43.07% dos votos válidos). Na terceira candidatura ao Senado, para o mandato atual (2007-2015), obteve 8.986.803 votos, 47,82% dos votos válidos. Ele se candidatou novamente ao Senado neste ano, mas foi derrotado por José Serra (PSDB).
Suplicy foi deputado estadual pelo extinto MDB (1979-1983), eleito com mais de 70 mil votos. Em 1983 foi eleito deputado federal. Em 1985, foi candidato à prefeitura de São Paulo e, no ano seguinte, candidatou-se ao governo do estado. Em 1988 foi o vereador mais votado para a Câmara Municipal de São Paulo, com 201.549 votos. Presidiu a Câmara Municipal, no período de 1989/90. Em 1992, concorreu novamente à prefeitura da capital paulista.
Eleito senador para o mandato de 1991-1999, com 4.229.706 votos – 30% dos votos válidos – Suplicy ocupou por três vezes o cargo de líder do PT no Senado. Em seu primeiro mandato de senador, foi o recordista em número de pronunciamentos: 1.202. Nesse período, apresentou 230 requerimentos de informações e 23 projetos de lei. Em 2003, já no segundo mandato, assumiu a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para o biênio 2003-2004.
Eduardo Matarazzo Suplicy nasceu em São Paulo, Capital, em 21 de junho de 1941. É filho de Paulo Cochrane Suplicy e Filomena Matarazzo Suplicy. Foi casado com a ex-prefeita de São Paulo, a senadora Marta Suplicy, e é pai de Supla, André e João. Administrador de Empresas e Economista, foi aprovado por concurso, em 1966, para o cargo de professor no Departamento de Economia da Escola de Administração de Empresas em São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, onde leciona até hoje.
Suplicy escreveu vários livros, entre eles Os Efeitos das Minidesvalorizações na Economia Brasileira (Editora da Fundação Getúlio Vargas – 1975); Política Econômica Brasileira e Internacional (Editora Vozes – 1977); Compromisso (Editora Brasiliense – 1978); Investigando o Caso Coroa-Brastel (editado pela Câmara dos Deputados – 1985); Da Distribuição de Renda e dos Direitos à Cidadania (Editora Brasiliense – 1988); Programa de Garantia de Renda Mínima (editado pelo Senado Federal – 1992); Renda de Cidadania – A Saída é pela Porta (Cortez Editores e Fundação Perseu Abramo – 2001), e Renda Básica de Cidadania – A Resposta dada pelo Vento (L&PM, 2006, edição de bolso).
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