A bancada do PMDB no Senado e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, fizeram na tarde desta terça-feira (9) uma reunião de emergência para afinar o discurso entre o Planalto do Planalto e a base aliada, após mais um caso de corrupção no governo. O motivo da reunião, extra-oficialmente, foi a prisão de 38 pessoas pela Polícia Federal (PF), na manhã desta terça-feira (9), ligadas ao Ministério do Turismo, entre elas o secretário-executivo, Frederico Costa.
Também foram presos outros servidores públicos, empresários e funcionários do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável. O Ministério do Turismo é comandado pelo PMDB. O atual ministro, Pedro Novais, é indicação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
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A operação da PF visa combater desvio de dinheiro público por meio de emendas parlamentares (principal fonte de recursos do Ministério do Turismo), tendo por objeto a capacitação profissional para o turismo, segundo a nota divulgada pela polícia. A assessoria da PF diz ainda que os detidos serão indiciados por formação de quadrilha, peculato (desvio de dinheiro público) e fraudes em licitação.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), lembrou que as investigações são referentes a ações executadas em 2009, e que a base aliada vai esperar o fim das apurações para definir um procedimento. “É importante que tudo seja investigado e possa ser esclarecido. As investigações é que vão dizer se houve algo errado e quem é o responsável pelo erro. O que o governo está fazendo é investigar, a Polícia Federal está no caso. Portanto, dentro de pouco tempo, teremos mais informações”, disse Jucá, garantindo que a reunião com Ideli foi para tratar do “futuro” e dos projetos de interesse do Planalto em tramitação no Senado.
A ex-senadora petista, segundo Jucá, foi colocar os senadores peemedebistas a par do trabalho da PF e do Ministério da Justiça em relação ao caso. “A bancada ficou satisfeita com as informações.”
PublicidadeSegundo Ideli Salvatti, a operação da Polícia Federal – órgão subordinado ao ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo – não tinha o conhecimento da cúpula petista, nem qualquer interferência do partido nas investigações. Jucá reforçou a defesa de Pedro Novais. “O ministro não está sendo investigado. Há um processo de gasto no Amapá que é fruto da decisão judicial que levou à prisão de pessoas integrantes do ministério”, ponderou Jucá, acrescentando que a posição “unânime” do PMDB, em sintonia com a presidenta Dilma, é que “tudo seja investigado”.
Em rápida entrevista após a reunião, Ideli disse que a preocupação prioritária do governo é o contexto econômico internacional e os reflexos dessa conjuntura para o Brasil. Para a ministra, os casos internos de corrupção em ministérios não podem interferir na resposta a ser dada pela equipe econômica, com o amparo do Congresso, em relação à crise.
“Exagero”
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), também reforçou a defesa a Pedro Novais. “O ministro sequer foi citado. Ele chegou agora ao ministério. Os fatos noticiados são de 2009, ao que parece. Não conhecemos em detalhes o que aconteceu. Antecipadamente, o que parece exagerada é a prisão de 38 pessoas”, disse o peemedebista, em referência indireta a Luiz Barreto Filho, que estava à frente da pasta àquela época.
Renan fez uma crítica ao que chamou de “partidarização” da operação da PF, que deve satisfação ao petista José Eduardo Cardozo. Ele se refere ao fato de que o caso está sendo visto como uma responsabilidade do PMDB, em um contexto em que os principais postos de comando do ministério são ocupados por indicações de PT, PMDB e PTB – um dos recentes chefes do Turismo foi Walfrido dos Mares Guia, filiado a este partido.
“É equivocado partidarizar a operação. O PMDB tem encaminhado sempre o mesmo comportamento, o mesmo posicionamento. Nós nunca dificultamos a vinda de ninguém para o Senado ou para a Câmara para esclarecer fatos. O que for preciso para esclarecer, é importante que as pessoas venham e esclareçam, dêem as respostas que a sociedade cobra”, acrescentou o líder peemedebista, para quem nenhum partido está “imune de qualquer investigação”.
“Nós devemos estar acostumados a isso. Essas investigações, essas fiscalizações são próprias do Estado democrático de direito. Nós não conhecemos a operação na essência, mas a prisão de 38 pessoas, preliminarmente, parece uma coisa exagerada”, repetiu.