A imagem, registrada pelo fotógrafo oficial da Presidência da República, Roberto Stuckert Filho, exibe Paulo Roberto com o macacão já autografado por Dilma. Naquele momento, ele escreve seu nome nas costas da presidenta, assim como fizeram várias pessoas naquela cerimônia de 3 de junho de 2011, em Angra dos Reis (RJ). Ao mesmo tempo, Dilma assina o seu nome no uniforme laranja de Gabrielli, o então presidente da Petrobras. A cena é observada pela hoje presidente Graça Foster, à época diretora de Gás e Energia da estatal.
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A Polícia Federal prendeu Paulo Roberto Costa na Operação Lava Jato. Ele é acusado de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, um dos quatro corretores suspeitos de terem lavado R$ 10 bilhões nos últimos quatro anos. Para a PF, Paulo Roberto Costa usava suas empresas e sua relação com Youssef para obter contratos na Petrobras. Um dos focos de atuação da polícia é a empresa Ecoglobal. Um contrato entre empresas de Paulo Roberto e Youssef condicionava a compra da Ecoglobal se ela fechasse um contrato com a Petrobras.
Paulo Roberto Costa participou de um comitê de proprietários da refinaria de Pasadena (EUA), planta comprada pela Petrobras em 2006. O negócio teve o aval do conselho administrativo da estatal, presidido à época pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Comprada pelo antigo dono por US$ 42 milhões, a refinaria custou US$ 1,25 bilhão à Petrobras, e rendeu um prejuízo de pelos menos R$ 500 milhões, nos cálculos de Graça Foster. Dilma afirma que só deu aval para a empreitada porque se baseou num resumo executivo “falho” e “incompleto”, assinado por Nestor Cerveró. Graça afirma que não sabia que o comitê, formado por Paulo Roberto, tinha mais poderes que o próprio Conselho de Administração Petrobras para conduzir a refinaria.
A prisão de Paulo Roberto causou “grande constrangimento” aos colegas da Petrobras, segundo Graça Foster. “As pessoas querem, sim, informações, querem saber o que está acontecendo, em especial, com a última revelação sobre o nosso ex-diretor. Isso cria muita tristeza, muito constrangimento dos nossos colegas”, disse ela, esta semana.
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A cerimônia de batismo da plataforma P-52, cenário da foto, foi realizada no estaleiro Brasfels, no km 81 da BR-101, no distrito de Jacuecanga, em Angra. Na ocasião, Dilma destacou o fato de a plataforma ter sido construída com 72,9% de conteúdo nacional, incluindo o casco. “Eu assumo e reitero, mais uma vez, o meu compromisso com a indústria naval brasileira. Eu assumo o compromisso de sempre querer melhorar o conteúdo nacional”, disse a presidente.
Ela comemorou a parceria com empresários estrangeiros, Chow Yew Yuen, presidente da Keppel FELS das Américas, de Cingapura, e Kwok Kai Choong, presidente da subsidiária da companhia no Brasil. Dilma destacou que a Keppel e a Technip serão parceiras da Petrobras. “Nós podemos contar com eles, porque eles sabem que se vierem para o Brasil terão a garantia de uma demanda: a demanda da Empresa Brasileira de Petróleo S.A.”, afirmou Dilma.
A plataforma P-56 foi projetada para processar 100 mil barris de petróleo e comprimir 6 milhões de metros cúbicos de de gás por dia, segundo a Petrobras. Para construí-la, foram gastos cerca de US$ 1,5 bilhão. A previsão era que a plataforma fosse instalada na campo de Marlim, na Bacia de Campos (RJ). Participaram do evento diversos políticos, como o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Ideli Salvatti (Pesca, hoje Direitos Humanos) e Luiz Sérgio (Relações Institucionais, hoje deputado), além de parlamentares. Todos mencionados pela presidenta em seu discurso.