O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão, depôs na sede da Polícia Federal, em Brasília, e falou rapidamente com a imprensa na saída. Valério disse não ser o responsável pela abertura da conta Düsseldorf do publicitário Duda Mendonça em uma agência do Banco de Boston.
Em depoimento à CPI dos Correios, o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, disse que abriu a conta no exterior a pedido de Valério. Duda disse que só assim receberia o pagamento pelos serviços prestados ao PT nas últimas eleições. Na época dos repasses, Valério era o alimentador de um caixa dois, montado pelo ex-tesoureiro petista Delúbio Soares.
“Ratifiquei todos os meus depoimentos. No meu depoimento eu deixo claro que não fui eu (quem pediu para Duda abrir a conta no exterior)”, disse o empresário, pouco antes de entrar na sede da PF.
Valério também falou sobre a lista que denúncia um possível caixa dois de R$ 40 milhões montado pelo ex-diretor da estatal Furnas Centrais Elétricas Dimas Toledo. O dinheiro teria sido repartido entre partidos da base aliada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para custear despesas de campanha em 2002. O empresário negou qualquer ligação com o desvio de recursos.
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“Vi a lista. Não vi os nomes todos porque não conheço o senhor Dimas Toledo. Nunca trabalhei em Furnas. Minhas empresas nunca fizeram nenhuma campanha publicitária lá”, defendeu-se o empresário.
A cópia da lista chegou às mãos da PF pelo lobista Nilton Monteiro, o mesmo que revelou a existência de um caixa dois na campanha do PSDB mineiro ao governo do estado em 1998. Na época, o partido recebeu recursos do “valerioduto”, alimentado por Marcos Valério. O empresário, porém, negou já conhecer Monteiro antes da crise. “Eu o conheci recentemente, no final do ano passado”, afirmou.