A delação que vem sendo firmada entre o operador financeiro Lúcio Funaro, responsável pela execução de grande parte dos negócios do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o Ministério Público Federal (MPF) promete afundar o governo de Michel Temer. De acordo com informações veiculadas na revista semanal Veja deste sábado (8), Funaro teria confirmado que recebeu valores da JBS para se manter calado. Além disso, o doleiro afirma que os pagamentos foram realizados por ordem do presidente da República.
As afirmações de Funaro coincidem com o que havia dito aos procuradores, também em delação premiada, os empresários Joesley Batista e Wesley Batista, ambos donos da JBS. Em uma gravação de Joesley realizada em março deste ano, durante encontro com Temer no Palácio do Jaburu, Joesley diz ao presidente que está realizando pagamentos mensais em troca do silêncio de Cunha e Funaro. Temer, ao ouvir, responde: “Tem que manter isso”.
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Cunha, que cumpre pena de 15 anos e quatro meses de cadeira por imposição da Operação Lava Jato, e o operador financeiro Lúcio Funaro estão em fase de conclusão, simultaneamente, dos respectivos acordos de delação premiada sobre um esquema de corrupção que envolve Temer. A revelação sobre as delações foi antecipada, com exclusividade, na última quarta-feira (5) pelo site site BuzzFeed.
Essa semana, Funaro foi transferido do Presídio da Papuda, onde cumpre pena em Brasília, para a carceragem da Polícia Federal, em movimento que sinaliza o início dos depoimentos ou algum outro tipo de procedimento investigatório. Os relatos devem ser usados para encorpar a próxima denúncia contra Temer, já denunciado por corrupção passiva. A nova peça acusatória em gestação pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve enquadrar o presidente por obstrução da Justiça.
A revista semanal também revela que Eduardo Cunha, em sua delação, conta histórias que envolvem cerca de 50 parlamentares – a maioria destinatária de propinas de esquemas de corrupção em estatais e fundos de pensão. Cunha teria relatado, inclusive, casos de deputados que o procurou às vésperas de sua cassação, em setembro de 2016, para livrá-lo da cassação no Conselho de Ética em troca de R$ 1 milhão.
A notícia vem à tona no momento em que Temer tenta angariar o máximo de apoio na base aliada contra a denúncia em exame na Câmara. O maior desafio do governo é fazer os membros do grupo de sustentação relevarem o fato de que, segundo a acusação de Janot, Temer é beneficiário dos R$ 500 mil contidos na mala de dinheiro recebida pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), um dos principais aliados do presidente e ex-assessor da Presidência há até poucas semanas. Para o Ministério Público Federal, que coordenou o flagrante articulado pela Polícia Federal, o dinheiro era a primeira das várias parcelas que, por cerca de 25 anos, serviriam como uma espécie de aposentadoria para Temer e Loures e totalizariam, ao final, algo em torno de R$ 600 milhões.
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