O presidente Michel Temer admitiu que errou ao receber, na residência oficial do Palácio do Jaburu, o empresário Joesley Batista, um dos donos o grupo JBS, no dia 7 de março. Na ocasião, o peemedebista foi gravado tratando de assuntos como a propina paga para evitar a delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha e temas como as nomeações para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e financiamentos do BNDES ao grupo empresarial. Temer confessou aos aliados que não respeitou a liturgia do cargo ao conversar com Joesley, e perto das 23h, na residência oficial da vice-Presidência da República.
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Para cerca de 30 deputados, senadores e ministros que foram na noite de ontem (domingo, 22) ao Palácio do Jaburu – para um jantar marcado, e depois cancelado, por Temer –, o presidente admitiu que não se preocupou com a liturgia do cargo ao conversar informalmente com Joesley, depois do expediente e sem testemunhas. Aos aliados, Temer reiterou inocência e prometeu tomar mais cuidado durante as audiências públicas. Parlamentares que defendem a permanência do presidente no cargo minimizam a crise e incentivam o presidente a resistir e reagir.
Segundo relatos de alguns presentes ao jantar no Jaburu, Temer demonstrou aos aliados que o visitaram disposição de resistir no cargo e reiterou a sua disposição de contestar, na Justiça, as acusações. Os amigos do presidente perceberam muita angustia e elevado nível de preocupação do chefe de governo com a crise política.
Sobrevida
Temer queria ganhar tempo diante da possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender a tramitação do inquérito aberto a pedido do procurador geral da República, Rodrigo Janot, até a conclusão da perícia oficial na fita em que está gravada a conversa do presidente com o empresário Joesley Batista. Lideranças de PSDB, DEM, PP, PR e PSD haviam decido aguardar o posicionamento do STF para decidir se ficam ou deixam a base de apoio parlamentar do presidente.
No entanto, a própria defesa de Temer retirou o pedido de suspensão do inquérito, de forma que as investigações correm normalmente no Supremo. Enquanto isso, o governo anunciou que uma perícia independente será realizada sob sua responsabilidade, paralelamente à que já está em curso e a cargo da força-tarefa que reúne membros da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Não há prazo para conclusão deste trabalho.