Em carta divulgada hoje pelo site do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende que o candidato Geraldo Alckmin parta para o confronto com o presidente Lula, afirmando que o tucano tem condições morais e éticas que o petista não tem. E acusa Lula de, juntamente com o PT, promover uma crise ética e "podridão reinante" no país. No texto, FHC afirma que a atitude de Lula no caso do mensalão justificaria a abertura de processo por crime de responsabilidade.
O ex-presidente prega aos tucanos a necessidade de realçar as diferenças entre eles e os petistas. Do contrário, adverte, "a geléia geral predomina e elegeremos de cambulha um Congresso no qual sanguessugas e mensaleiros derrotados serão substituídos por outros prestes a reviver a mesma história".
Os trechos mais fortes da carta são os que abordam o escândalo do mensalão. "Pagar mensalão é crime e como crime deve ser tratado", diz ele. "A fonte foi pública; é roubo de dinheiro do povo, ainda que empréstimos fictícios de bancos privados tenham sido usados para encobrir esse fato." FHC ataca diretamente Lula: "O próprio presidente, que é responsável pelos ministros, não tendo atuado para demiti-los nem depois do fato sabido, é passível de crime de responsabilidade."
Leia também
Na carta, FHC também não esconde o descontentamento com o ritmo e o tom da campanha de Geraldo Alckmin. "Nosso candidato à Presidência tem as mãos limpas. Tem história de seriedade. Por que não bradar isso com força? Por que não fazer o contraponto com o outro lado. Nada a temer nem a esconder. Enfim: faltam condições morais a um e sobram a outro. Essa é a diferença."
O ex-presidente também faz um balanço sobre as posições do próprio partido e aponta como primeiro erro "ter tapado o sol com a peneira" no caso de caixa dois na campanha do então governador de Minas Eduardo Azeredo, em 1998.
Na avaliação de FHC, os tucanos também não foram suficientemente firmes na denúncia política "de todo esse descalabro" no momento adequado. "Não será agora, durante a campanha eleitoral, que conseguiremos despertar a população. Mas, para nos diferenciarmos da podridão reinante, temos a obrigação moral de não calar."
Fernando Henrique ainda cobrou dos companheiros tucanos a defesa de atos de seu governo: "Não podemos continuar meio envergonhados cada vez que o PT e seus aliados falam de "privataria". Privatizamos sim, e nada temos a esconder no processo de privatização".
Leia aqui a íntegra da carta.