Nos últimos 18 anos, os cinco presidentes da República – José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula – editaram 917 medidas provisórias, segundo levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e publicado pela Agência Brasil. Nesse mesmo período, também foram reeditadas 5.491 MPs.
O trabalho de pesquisa do Diap mostra que, nos 17 meses em que teve acesso a esse instrumento de governo, Sarney editou 125 e reeditou 22, com média mensal de edições de 5,21. Fernando Collor, que governou o país de 15 de março de 1990 a 1 de outubro de 1992, utilizou-se do expediente das medidas provisórias 89 vezes, com média mensal de edições de 2,99. As reedições de medidas provisórias no governo Collor ocorreram 70 vezes.
Já Itamar Franco, que assumiu a Presidência da República após o impeachment de Collor, editou 142 MPs e reeditou 363 vezes até 31 de dezembro de 1994. A média mensal de edições, no governo Itamar Franco, foi de 5,26.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1º de janeiro de 1995 e 12 de setembro de 2001, editou 263 MPs, com média mensal de 3,33 no primeiro governo e 3,12 de 1999 a 2001, quando entrou em vigor a emenda constitucional 32 com as novas regras de edição e tramitação de medidas provisórias. De março de 1995 a setembro de 2001, o ex-presidente FHC usou do expediente da reedição de MPs 5.036 vezes.
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Com o instrumento da reedição, várias medidas provisórias permaneceram anos em vigor sem a devida apreciação do Congresso Nacional. A medida provisória que criou o Plano Real, por exemplo, editada por Itamar Franco só foi votada em meados do governo Fernando Henrique Cardoso.
Até 2001 as medidas provisórias que não fossem apreciadas pelo Congresso em até 30 dias poderiam ser reeditadas indefinidamente. As novas regras estabeleceram o fim das reedições. Desde 12 de setembro de 2001, com a aprovação de uma emenda constitucional, as MPs não podem ser reeditadas e o prazo de validade é de até 120 dias, sendo que passam a obstruir a pauta de votações da Câmara e do Senado 45 dias após sua edição.
Com as novas regras, Fernando Henrique Cardoso editou 102 medidas provisórias em 15 meses. O presidente Lula, em três anos e seis meses de mandato, já editou mais de 190 medidas provisórias. Entre as últimas estão a reestruturação das carreiras dos servidores públicos federais, a atualização dos salários dos militares e a possibilidade de renegociação das dívidas de pessoas jurídicas com a Receita Federal, a Fazenda Nacional e o Instituto Nacional de Seguro Social.
Nos últimos 12 meses, que coincidiram com a crise política, a pauta de votações da Câmara, por exemplo, esteve trancada por cerca de sete meses pelas medidas provisórias editadas por Lula.