Com o apoio anunciado pelo PSDB na última quinta-feira (29), o candidato petista à presidência do Senado, Tião Viana (AC), demonstra entusiasmo extra. Em atípico domingo pré-eleitoral, o que era para ser uma reunião de bancada tornou-se encontro suprapartidário: Tião recebe senadores de legendas diversas em seu gabinete, como o líder do PSB na Casa, Renato Casagrande (ES) – para quem a eleição de amanhã (2) terá reflexos no pleito da Câmara.
“A indefinição aqui causa indefinição também lá”, disse ao senador capixaba ao Congresso em Foco. Ele se refere à incógnita sobre como se portará o PMDB, com seus 20 senadores – ao menos Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que participa da reunião em curso no gabinete de Tião, já declarou que não votará no adversário do petista, o senador José Sarney (PMDB-AP).
Especula-se que, com a possibilidade de vitória do PMDB nas duas Casas legislativas, alguns deputados do bloco de apoio – PMDB, PT, PSDB, DEM, PR, PDT, PTB, PV, PPS, PSC, PHS, PTdoB e PTC – a Michel Temer (PMDB-SP) estejam incomodados com em eventual duplo comando do partido. Apesar de a maior bancada ter a prioridade de indicação às presidências (o PMDB tem 96 representantes na Câmara), a praxe é que haja uma alternância entre os maiores partidos da base, como fizeram PMDB e PT nas últimas gestões.
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Para Casagrande, a disputa entre dois senadores da base governista não implica interferência do Planalto no processo sucessório. "O governo tem se mantido neutro, como prometido. Não tem sentido a interferência", destacou o parlamentar, acrescentando que nenhum ministro lhe telefonou para pedir votos ou articulação para nova adesões.
Dissidente
Crítico do "estilo imperial" do próximo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), o "dissidente" peemedebista Jarbas Vasconcelos parece mesmo disposto a fortalecer a candidatura de Tião Viana. Sobre a possibilidade de que mais senadores do PMDB participassem da reunião, o senador pernambucano foi enfático.
"Só metade", informou, para em seguida fazer graça. "Se eu pudesse, eu traria todo mundo", arrematou Jarbas, que, a exemplo de Pedro Simon (PMDB-RS), é um dos principais críticos da conduta de alinhamento de Sarney aos interesses do governo.
Participam da reunião com Tião Viana parlamentares de PT, PDT, PDSB e PSB, entre eles, além de Jarbas e Casagrande, Arthur Virgílio (PSDB-AM), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Delcídio Amaral (PT-MS). É provável que o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), segundo vice-presidente do Senado, compareça à reunião. (Daniela Lima e Fábio Góis)
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