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Dois nomes da composição anterior foram mantidos em seus respectivos postos na Mesa – Jorge Viana (PT-AC), na primeira vice-presidência, e Romero Jucá (PMDB-RR), na segunda vice. Os demais escolhidos foram Vicentinho Alves (PR-TO), na primeira secretaria; Zezé Perrella (PDT-MG), na segunda; Gladson Cameli (PP-AC), na terceira; e Angela Portela (PT-RR), na quarta. O quadro de suplentes será composto por Sérgio Petecão (PSD-AC), na primeira suplência; João Alberto Souza (PMDB-MA), na segunda; e Douglas Cintra (PTB-PE), na quarta. A terceira suplência segue vaga, uma vez que a bancada do DEM retirou da chapa, em um dos vários atos de rebelião, o nome de Maria do Carmo Alves (SE).
“Arregacem as mangas, sejam preparados porque vocês vão experimentar o que vocês nunca viram nesta Casa, uma oposição com conteúdo, com preparo e com capacidade de fazer o bom combate”, bradou da tribuna o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), antes de deixar o plenário. “Acreditava que a proporcionalidade seria respeitada. E, no acordo com o PP, como nós temos o mesmo número de senadores, nós fizemos um entendimento de que o Democratas abria mão da quarta secretaria e ocuparia a primeira suplência. Não sendo cumprido, o Democratas também se afasta da participação.”
A chapa única foi decidida em reunião realizada na residência oficial do Senado, ocupada por Renan nos últimos dois anos e pelos próximos dois. Além dele, participaram da articulação os governistas norte-nordestinos Fernando Collor (PTB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Humberto Costa (PT-PE), Jorge Viana (PT-AC), José Pimentel (PT-CE) e Eunício Oliveira (PMDB-CE). Renan reagiu às acusações de que teria imposto o quadro ao conjunto dos senadores, alijando partidos de oposição e desrespeitando os critérios de proporcionalidade, praxe na Casa que distribui postos aos partidos mais numerosos. “Quem inscreve a chapa não é o presidente do Senado. São os líderes”, argumentou.
Gritaria
PublicidadeMas o momento de mais tensão foi o bate-boca, aos gritos, entre Renan e Aécio. Depois de inúmeros apelos da oposição pela revisão dos acordados já encaminhados, com imposição de predomínio da base aliada, e diante da inflexibilidade de Renan, que se dizia regimentalmente impedido de alterar o rumo da votação, Aécio apontou o dedo em direção à Mesa e disparou:
“Vossa excelência subverte a ordem natural das coisas. Pergunta se o PSDB ainda mantém a sua indicação, ou o PSB? Não. Essas são as indicações naturais, com base na proporcionalidade, no respeito à população, no respeito à democracia interna. Vossa excelência será o presidente dos ilustres senadores que o apoiaram, mas perde a legitimidade para ser presidente dos partidos de oposição nesta Casa”, vociferou Aécio, imediatamente rebatido por Renan.
“Que bom que isso esteja sendo dito por vossa excelência, que foi candidato a presidente da República, e tem a dimensão do que é a democracia”, rebateu o peemedebista, já abandonando o tom sereno das colocações – e, com mais uma declaração, em tom irônico, irritou Aécio ao fazer menção à postura do tucano durante as eleições. “Por isso deu no que deu”, emendou Renan, sugerindo que Aécio relativiza os valores democráticos ao não transigir com o entendimento da maioria. “Vossa excelência perdeu a chance de ser presidente da República, porque é estreito!”
“Vossa excelência está desrespeitando, senador Renan! Desrespeita a democracia para atender às conveniências da sua eleição! Tive 51 milhões de votos, que eu honro! Perdi [as eleições] de cabeça erguida! Olho nos olhos dos cidadãos! Vossa excelência apequena esta Casa! Vossa excelência venceu perdendo a dignidade que esse cargo deveria ter!”, replicou Aécio, aos berros, acusando o grupo de Renan de urdir uma estratégia que deixaria o PSDB de fora da composição da Mesa – mesmo argumento utilizado por PSB e DEM.
“Respeite a Mesa! Respeite a Mesa! Tenha a dimensão da democracia! Respeite seus colegas!”, devolveu Renan, também com o dedo apontado para o interlocutor, aos gritos.
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Enquanto os ânimos se exaltavam em plenário, com senadores se revezando nas críticas a Renan e anunciando a retirada de plenário, membros do PT observavam em silêncio a batalha verbal. Consciente de que a chapa única seria levada a votação, apesar dos apelos de lado a lado por novo adiamento da escolha, o PT permaneceu em plenário e assegurou quórum suficiente para dar continuidade aos planos da base, capitaneados por Renan e pela maioria do PMDB.
Reservadamente, integrantes da base viram na postura de Renan uma tentativa de confronto à ascensão de Aécio como força oposicionista no Senado, com o efeito colateral de reforço ao sentimento de dissidência entre aliados – movimento demonstrado com a candidatura de Luiz Henrique da Silveira (SC), companheiro de partido de Renan, como alternativa de “mudança”. Essa é a quarta vez que Renan assume o comando da Casa.
Assim, com a debandada de plenário, Renan conseguiu acomodar os aliados nos cargos da Mesa – à exceção do PDT, todos os demais partidos representados na agora oficializada composição apoiaram a eleição do peemedebista. O PSDB, por ter a terceira mais numerosa bancada, ficaria com a primeira secretaria, espécie de “prefeitura” da instituição. Mas, depois do episódio com Lúcia Vânia, que tem 20 anos de PSDB, e com a indicação de Vicentinho Alves, desrespeitando-se o critério da proporcionalidade, os tucanos abandonaram a disputa, prometendo muita briga a partir de agora.
“Retiro o meu nome e desejo aos que vierem a integrar a Mesa que tenham muito cuidado e muita responsabilidade na sua atitude e no seu trabalho, porque nós estaremos vigilantes pelos próximos dois anos”, exclamou Paulo Bauer (PSDB-SC), depois de explanar sobre o cenário político no país, deixando o plenário em seguida. Para assumir a primeira secretaria, Lúcia Vânia foi preterida pelo partido justamente em favor do senador catarinense.
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