O deputado Pedro Henry (PP-MT) reafirmou hoje (30) que nunca apresentou emendas para beneficiar o esquema montado pela máfia das ambulâncias. Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, Henry ressaltou que não direcionou recursos, em 2001 e 2002, para a compra de ambulâncias da Planam na região oeste de Mato Grosso.
Ele também disse que a Blazer DLX, cor prata, ano 2001/2002, comprada pelo sócio da Planam Luiz Antônio Vedoin, foi somente emprestada. Anteriormente, Vedoin afirmou que a Blazer, zero quilômetro, no valor de R$ 48 mil, foi entregue ao parlamentar a título de pagamento de comissão.
O deputado ainda destacou que não existem comprovantes de depósitos bancários em suas contas ou nas contas de seus familiares. Questionado se Gilson dos Santos era coordenador de sua campanha, Henry negou. Segundo o parlamentar, os depósitos na conta de Santos se devem a serviços de consultoria de engenharia prestados por ele à Planam, na época da construção da sede da empresa em Cuiabá.
Na contabilidade da Planam, a Polícia Federal encontrou referências a pagamentos de R$ 45 mil para Gilson dos Santos, que Luiz Antônio Vedoin identificou como coordenador de campanha de Pedro Henry.
Depoimento adiado
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O deputado Maurício Rabelo (PL-TO), que também seria ouvido hoje pelo órgão, adiou o depoimento alegando compromissos políticos em seu estado. Maurício Rabelo é acusado de ligação com a máfia dos sanguessugas.
Ontem, o Conselho aprovou pedidos para que sejam convidados a prestar depoimento os deputados Almeida de Jesus (PL-CE), Edir Oliveira (PTB-RS), Iris Simões (PTB-PR), João Caldas (PL-AL), Paulo Feijó (PSDB-RJ), Paulo Gouvêa (PL-RS) e Ricarte de Freitas (PTB-MT), além das testemunhas de defesa destes parlamentares.
Parecer sobre Henry será apresentado até o dia 8
O relator do processo no Conselho de Ética contra o deputado Pedro Henry (PP-MT), deputado Mussa Demes (PFL-PI), anunciou que apresentará o parecer sobre o envolvimento de Henry com a máfia das ambulâncias até o fim da semana que vem, mas não adiantou suas conclusões. Na reunião de hoje (30), Mussa Demes dispensou as testemunhas de defesa e encerrou a instrução do processo contra Henry.
Durante o encontro, Demes e o presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), afirmaram que a CPI dos Sanguessugas se precipitou ao recomendar, no relatório parcial, a abertura de processos contra os parlamentares suspeitos de envolvimento na máfia das ambulâncias.
Na avaliação de Izar, muitos dos deputados processados pelo conselho não tiveram relações com o esquema dos sanguessugas. "O Conselho de Ética não é um tribunal de exceção. Os que erraram serão punidos, mas os que não erraram serão absolvidos", disse.
Reforma do regimento
Na reunião do colegiado, o deputado Nelson Trad (PMDB-MS) declarou que já está praticamente pronto o anteprojeto de reforma do regimento do conselho e do Código de Ética da Câmara, que será encaminhado à Mesa Diretora.
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PFL atrela resultado do PIB à “fraude eleitoral”
O líder do PFL na Câmara, deputado Rodrigo Maia (RJ), classificou hoje (30) de "fraude eleitoral" o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, que registrou uma expansão de 0,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre deste ano.
"O resultado do PIB mostra que o Lula mentiu na campanha. Eles sabiam que os dados não eram verdadeiros. Foi uma fraude eleitoral", disse. A oposição afirma que o governo chegou a anunciar um crescimento de 4% e de 5% em 2007.
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou que a expansão de 0,5% no terceiro trimestre “é um resultado modesto, triste e lastimável". Na opinião de Bornhausen, a economia não cresce em razão dos juros altos, da insegurança jurídica no país, do câmbio e do risco Brasil, "onde está embutida a corrupção do governo".
Já o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), disse que o resultado foi "uma vergonha". "A expectativa era que o PIB cresceria neste ano 4%, depois o índice foi reduzido para 3,7% e agora vem esta vergonha. Certamente vamos terminar o ano com um crescimento inferior a 3%. É frustrante a postura da enganação do governo".
Aldo: PEC do voto aberto será votada ainda este ano
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse hoje (30) que vai colocar em pauta, ainda este ano, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 349/01, que acaba com o voto secreto no Congresso. A matéria, já aprovada pelos deputados em primeiro turno, precisa passar por outra rodada de votações na Casa antes de seguir para o Senado.
Aldo afirmou que só não colocará a proposta em votação na próxima semana porque já existem propostas importantes na pauta como a eleição de um novo ministro para o Tribunal de Contas da União (TCU) e o pedido de cassação do ex-líder do PP José Janene (PR), acusado de receber R$ 4 milhões do esquema do mensalão.
O deputado comentou também a adoção de urnas eletrônicas, no lugar do voto em cédulas de papel, para as votações secretas da Câmara, conforme sugestão do vice-presidente da Casa, José Thomaz Nono (PFL-AL). Alguns parlamentares criticaram a proposta sob o argumento de que ela vai contra o fim do voto secreto.
Aldo disse não ver contradição entre os dois temas e lembrou que a PEC do voto aberto ainda depende de aprovação na Câmara e no Senado. O parlamentar afirmou que, independentemente da aprovação da PEC, a votação eletrônica será um avanço importante enquanto existirem votações secretas.
Deputada é indiciada por três crimes
A deputada federal Teté Bezerra (PMDB-MT) prestou hoje (30) depoimento de três horas à Polícia Federal (PF) em Brasília. A parlamentar foi indiciada por três crimes: formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Teté é acusada de liberar emendas ao orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas e é mulher do ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), eleito em outubro para a Câmara dos Deputados.
De acordo com o portal G1, a deputada negou todas as acusações na saída do depoimento. Outro parlamentar ouvido hoje, pela manhã, foi o deputado José Militão (PTB-MG), também acusado de participar do esquema das sanguessugas. O parlamentar não foi indiciado. Todos os processos correm em segredo de Justiça.
Presidente do PSDB e líder tucano trocam acusações
Um bate-boca entre o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o líder da bancada na Câmara, Jutahy Jr. (BA), escancarou a crise interna dos tucanos. Durante reunião da Executiva Nacional do partido, na última terça-feira, em Brasília, um acusou o outro de oligarca, antidemocrático e traidor.
A discussão começou quando Tasso anunciou a votação de um texto que proíbe os tucanos de participarem de governos que apóiam o Palácio do Planalto. Jutahy, que apoiou a eleição do petista Jaques Wagner na Bahia, reagiu com irritação e condenou as relações estreitas entre o presidente do PSDB e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seu principal adversário político.
“Tem uma expressão popular que diz que jabuti não sobe em árvore. Se estiver no alto, é enchente ou é mão de gente. Vamos deixar claro, então, que esta resolução é específica para a Bahia”, disse. Os tucanos são sondados para participar do governo petista no estado.
Ameaçando deixar a reunião, Tasso contra-atacou: "Não tenho mais saco. É insuportável. Jutahy é um eterno criador de casos. Desde 1994, quando traiu Fernando Henrique. Foi o grande traidor do partido".
"Foi uma dissidência. Não traí ninguém. Todo mundo nesta sala sabe quem traiu quem [no PSDB], sabe quem é o traidor", retrucou o líder tucano na Câmara em alusão ao apoio de Tasso a Ciro Gomes na eleição de 2002. O deputado atribuiu o seu apoio ao petista na Bahia a uma luta contra as oligarquias de seu estado.
Tasso ironizou o deputado, filho do ex-senador Jutahy Magalhães e neto do ex-governador Juracy Magalhães. "Logo você falando em oligarquia, sendo filho e neto de quem é. Você é um oligarca", gritou o senador, que acusou o baiano de inibir o surgimento de novas lideranças no estado.
"Você é que não tem formação democrática. Não quer ser questionado. Só sabe dar ordens", respondeu o deputado, que defendeu maior diálogo entre as bancadas no Congresso e criticou o apoio de tucanos à absolvição de senadores acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas.