Na última semana, falei sobre nosso calcanhar de Aquiles: o grave desequilíbrio fiscal que estrangula o setor público. Hoje, intencionalmente, passo ao largo das intensas polêmicas que envolvem o meu partido, o PSDB. Prefiro dedicar esse nobre espaço a reflexões sobre um aspecto central da realidade brasileira: a necessária revolução educacional inconclusa.
Nas diversas experiências de planejamento no Brasil, uma se destacou: o Plano de Metas de JK. Na metodologia que embasou a concepção do plano havia os conceitos de pontos de estrangulamento e pontos de germinação. Utilizando este paradigma, o desequilíbrio fiscal seria o maior ponto de estrangulamento e a revolução educacional inconclusa e o processo de inovação, os maiores pontos de germinação.
A economia no século XXI centrada no conhecimento, na integração global, na inovação, no capital humano, mais nos serviços do que na indústria, digital e não analógica, coloca novos desafios.
A economia brasileira tem um grave problema, a baixa produtividade. O bônus demográfico, que permite a expansão física da produção e do consumo sem necessariamente haver aumento de produtividade, se esvai velozmente. Queimamos riqueza e renda recentemente na maior recessão produzida pelos equívocos do Governo Dilma. Basta dizer que, na década de 1970, Brasil e Coreia do Sul tinham o mesmo PIB per capita. Hoje, a potência asiática tem o dobro de nossa produção por habitante. Precisamos continuar os ajustes macroeconômicos, mas numa perspectiva de médio e longo prazo, urge o ataque corajoso às políticas públicas de educação e inovação tecnológica. Sem isso, perderemos o bonde da história.
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Sem ser um especialista, mas apenas um professor, ouso dizer que após a universalização do acesso ao ensino fundamental, o desafio da qualidade tem que ser abordado com: 1) a instalação definitiva de uma cultura de avaliação e a premiação do êxito; 2) a qualificação contínua dos professores, os agentes finais da transformação; 3) o envolvimento intenso das famílias e da comunidade na vida escolar e no aprendizado, tornando a escola mais comunitária do que estatal; 4) o empoderamento dos diretores de escola, que devem liderar todo o processo, escolhidos dentro de um ambiente de meritocracia e participação; 5) a incorporação dos avanços tecnológicos no processo de aprendizagem, com uso intensivo da internet e softwares de qualidade; e 6) a libertação do sistema do corporativismo sindical que tem impedido o foco prioritário na revolução pedagógica necessária.
Na ciência e tecnologia, não há que se reinventar a roda. É apenas implementar experiências internacionais exitosas de integração dos centros de pesquisa e universidades com o poder público e as empresas. Superar a tradição ibérica do ensino bacharelesco, e introduzir uma boa dose de pragmatismo, para preparar profissionais e cientistas que atendam às demandas de uma economia compatível com o mundo contemporâneo.
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