Envolvido em uma série de denúncias, o deputado Edmar Moreira (DEM-MG) informou há pouco ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), sua renúncia ao cargo de segundo-secretário da Casa, para o qual foi eleito semana passada. A decisão, que implica a saída do deputado da corregedoria, foi anunciada por Edmar em um telefonema dado por volta das 20h para Temer, que passa o fim de semana em São Paulo.
Nova eleição para a segunda-secretaria será convocada esta semana pelo presidente da Câmara. Baseando-se no princípio da proporcionalidade partidária, o DEM deve reivindicar a vaga. O deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) foi o candidato oficial da legenda para o posto, mas ele obteve menos votos que o colega mineiro, eleito como avulso.
A Comissão de Ética do DEM deve abrir na próxima quarta-feira (11) o processo de expulsão de Edmar Moreira. Segundo o vice-líder Paulo Bornhausen (DEM-SC), a situação do companheiro de partido está insustentável (leia mais).
Desde que assumiu a segunda-vice-presidência no início da semana passada, Edmar Moreira viu seu castelo ruir após declarações polêmicas e sucessivas denúncias. Recém-empossado no cargo, defendeu que o Conselho de Ética e a corregedoria deixassem de analisar os processos contra parlamentares e enviassem as denúncias diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Leia também
O deputado responde a um inquérito no Supremo, acusado de descontar o INSS dos empregados de uma empresa de segurança e não repassar o dinheiro à Previdência. Ele também é acusado de deixar de informar à Receita Federal e à Justiça eleitoral que é dono de um castelo avaliado em pelo menos R$ 25 milhões.
Dono de empresa de vigilância, o deputado é o campeão de gastos com segurança particular entre todos os parlamentares que assumiram mandato desde o início desta legislatura. Levantamento feito com exclusividade pelo Congresso em Foco, com base na divulgação de uso da verba indenizatória da Câmara, revela que o parlamentar foi o que mais gastou com segurança privada na Casa nos dois últimos anos. Somadas, as despesas chegam a R$ 236 mil. O valor equivale a 68,4% dos R$ 365 mil que ele gastou em verba indenizatória no período (leia mais). A Câmara não informa, contudo, o nome das empresas que receberam o dinheiro.
Além disso, Edmar é alvo de ações de execução fiscal na Justiça Federal, em São Paulo, que cobram R$ 45 milhões de dívidas previdenciárias de suas empresas. O Banco do Brasil também reivindica o pagamento de R$ 1,9 milhão de empréstimos (leia mais).
Temer deve chegar a Brasília nesta segunda-feira (9) por volta das 15h. Segundo a assessoria de imprensa, o presidente da Câmara deverá falar à imprensa no período da tarde. O deputado ainda aguardava, até as 23h, a chegada de um fax com a confirmação da renúncia de Edmar Moreira. (Edson Sardinha)