Citado na delação premiada pelo empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, que diz ter repassado R$ 7,5 milhões de recursos desviados da Petrobras para a campanha de Dilma, o ministro criticou o que chamou de “vazamento seletivo” de informações da Operação Lava Jato. “Me causa indignação a tese de criminalização seletiva das doações da nossa campanha, enquanto outros partidos também receberam doações”, disse Edinho. “As empresas ligadas ao Grupo UTC não fizeram doações apenas para a campanha da presidente Dilma. Me estranha que as suspeitas sejam colocadas apenas sobre as doações legais da campanha da presidente”, acrescentou.
Leia também
Em seus depoimentos, Pessoa apontou 18 políticos, de seis partidos (PT, PSDB, PMDB, PP, PTB e PSB) como beneficiários de repasses da UTC de origem ilícita, de acordo com a revista Veja. “Ela [Dilma] sabe que eu cumpri o que ela me pediu para fazer: arrecadar com lisura e legalidade, declarou o ministro em entrevista coletiva convocada após reunião com a presidente e outros integrantes do núcleo político do governo para avaliar o alcance das novas denúncias.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, cobrou a comprovação de que houve ilegalidades nos repasses à campanha da presidente, que, segundo ele, sempre orientou seus auxiliares a arrecadarem estritamente dentro da lei. “Se alguém fala o contrário, que demonstre. Tudo que eu sei, o ministro Edinho cumpriu o que foi orientado pela presidente da República”, disse.
Em seu depoimento, Pessoa citou Dilma, o ex-presidente Lula, na campanha de 2006, e outros 16 nomes entre os beneficiários dos repasses de origem ilícita da UTC. Cabe ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal apurar a veracidade das declarações e a legalidade das doações. Para que o acusado seja beneficiado com a redução da pena, prevista na delação premiada para os investigados que colaborarem com as investigações, é preciso que os fatos apontados sejam comprovados.
Segundo a revista Veja, Pessoa contou ter sido procurado três vezes por Edinho Silva, no ano passado, com pedido de socorro financeiro. “O Edinho me disse: você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Estou precisando”, afirmou o empresário, conforme relato da revista. Ainda de acordo com a reportagem, o empreiteiro disse ter acertado o repasse de R$ 10 milhões para a campanha de Dilma por meio da conta de um servidor do Planalto, identificado como Manoel de Araújo Sobrinho. Ex-braço-direito de Edinho quando este era prefeito de Araraquara (SP), Araújo é hoje chefe de gabinete do ministro na Secom.
Deixe um comentário