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Inimigos políticos, o deputado Ronivon Santiago (PP-AC) e o seu suplente, Chicão Brígido (PMDB-AC), podem se tornar peça-chave de um quebra-cabeça que, até hoje, ninguém se dispôs a montar: a aprovação da proposta de emenda constitucional que permitiu a reeleição, em 1998, do presidente Fernando Henrique Cardoso. Acuado pelas denúncias sobre o mensalão, o PT contra-atacou, apresentando requerimento para que as investigações da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que irá apurar as declarações do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) se debrucem também sobre as ações do governo passado. A oposição acusa os governistas de revanchismo e insiste em concentrar as investigações nas denúncias que comprometem o PT. A briga ainda vai render horas de debate em plenário esta semana. Independentemente do resultado da batalha, a discussão reacende um caso ainda obscuro. Leia também Publicidade
Nos dias 13 e 14 de maio de 1997, a Folha de S. Paulo reproduziu gravação em que deputados admitiam ter votado a favor da emenda da reeleição em troca de R$ 200 mil. A proposta havia sido aprovada no dia 28 de janeiro de 1997. A reportagem também comprometia o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, e o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), apontados como operadores do suposto esquema. Publicidade
Na gravação, feita por uma pessoa com trânsito na Câmara a pedido da Folha, Ronivon e o então deputado João Maia (PFL-AC) admitiam a negociata. Os dois foram expulsos do PFL e renunciaram ao mandato em seguida para escapar da cassação. Na fita, os deputados diziam que Chicão teria recebido R$ 100 mil para votar a favor da emenda. Quem declarou à fonte anônima a suposta participação de Brígido foi o próprio Ronivon. “Ele (Amazonino Mendes, então governador do Amazonas) foi e passou (o dinheiro) pro Orleir (Cameli, então governador do Acre) (…) Mas, no dia anterior, ele (Orleir) parece que precisou dar R$ 100 (mil), parece que foi pro Chicão, e só deu R$ 100 (mil) pra mim", apontava um dos trechos da fita. A investigação, porém, nunca se voltou para quem teria feito a oferta. PublicidadeAlém de Brígido, outros dois deputados do Acre teriam recebido o dinheiro, de acordo com a gravação: a suplente do peemedebista, Zilá Bezerra (PFL-AC), e Osmir Lima (PFL-AC). Os três foram absolvidos em processo de cassação na Câmara. Sem citar quem estaria por trás de sua derrocada política, Chicão declarou: “Tinha um componente político naquilo ali”, declara o suplente. Depois de ter sido, em 1994, eleito como deputado mais votado do estado, com 12 mil votos, Chicão preparava-se para concorrer ao governo do estado. Terminou em terceiro lugar em 1998, na eleição vencida pelo petista Jorge Vianna (PT). “Fizeram (a gravação) porque foram obrigados a fazer. Sabiam que eu não tinha nada a ver com a venda de votos”, afirma. “E que eu vinha para cá para essa casa fazer rolo, não!”, esbraveja. |