Os economistas que participaram de audiência pública promovida pela Comissão Mista Especial do Salário Mínimo defenderam uma política permanente para a valorização do salário mínimo, vinculada ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), explicou que o ideal seria, em sua avaliação, seguir o PIB por pessoa. Guilherme Costa Delgado, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), observou que a vinculação do salário mínimo aos benefícios previdenciários representa um fator limitante para recuperar o valor do mínimo, mas não é impeditivo.
Delgado calcula que cada 10% de aumento do mínimo acarreta uma elevação de 3,8% na despesa global do sistema da Previdência Social. Os benefícios da seguridade social estão em torno de R$ 150 bilhões ao ano. Do total, 38% são vinculados ao salário mínimo, correspondendo a quase R$ 57 bilhões. "É um impacto forte na despesa, por isso o processo de recuperação deve ser progressivo, gradual e vinculado ao crescimento do PIB", reforçou.
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O professor da FGV, Samuel Pessoa, citou os juros altos, os repiques inflacionários e a carga tributária elevada para afirmar que a economia do Brasil está no limite de sua capacidade. Classificando-se como economista neoliberal, ele manifestou preocupação com o impacto negativo gerado pelos gastos do reajuste salarial. Segundo ele, para financiar esses gastos é preciso aumentar a carga tributária. Aumento de carga tributária desestimula a atividade produtiva e, com isso, a oferta encolhe.
Já o vice-presidente da comissão, deputado Walter Barelli (PSDB-SP), aposta na valorização do salário mínimo como meio de o Brasil cumprir a meta da ONU de reduzir a pobreza pela metade até o ano 2015. O deputado reconhece, no entanto, que a economia brasileira vai precisar passar por transformações até lá. "Se o brasileiro passar a ter dinheiro no bolso para comprar o que ele tem necessidade, vai faltar produto na prateleira. Efetivamente, tem que ser uma medida anunciada", defendeu.
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