O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) vai encaminhar ainda esta semana ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, um relatório com base em dados levantados pela CPI dos Sanguessugas que apontam o envolvimento do presidente do PT, Ricardo Berzoini, com a compra do dossiê que envolveria políticos do PSDB com a máfia das ambulâncias.
De acordo com o parlamentar tucano, a Polícia Federal (PF) desprezou informações contra Berzoini no relatório final sobre a compra do dossiê, ao não pedir o indiciamento do petista.
"Se ele não teve participação direta na compra do dossiê, tinha a ciência de todos os atos da negociação. Ele era informado de todos os passos do dossiê e tudo isso foi ignorado pelo Diógenes Curado [delegado da PF do Mato Grosso que conduziu as investigações sobre o caso]", afirmou o deputado à repórter Gabriela Guerreiro, da Folha Online.
O parlamentar tucano acredita que a PF agiu de forma política para preservar lideranças do PT envolvidas no escândalo. Sampaio também questiona o fato de a PF não ter solicitado o indiciamento de Jorge Lorenzetti (ex-integrante da campanha do presidente Lula à reeleição) que era subordinado a Berzoini, então coordenador da campanha de Lula.
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"O próprio Diógenes disse que o Lorenzetti era o cérebro da operação. Como ele não indicia o cérebro? Me parece um relatório direcionado com a intenção de afastar pessoas do presidente Lula desse episódio", disse.
Sampaio está com uma série de cruzamentos telefônicos realizados por técnicos da CPI que apontam ligações de Osvaldo Bargas (outro membro da campanha de Lula) para Berzoini. De acordo com o tucano, as ligações ocorriam sempre depois de Bargas falar ao telefone com Lorenzetti.
"A cada passo da negociação, o Berzoini era imediatamente avisado. Mas se o delegado fosse indiciar o Lorenzetti, teria que indiciar o Berzoini. Por isso optou por não indiciar nenhum dos dois", analisou.
Sampaio disse acreditar que o procurador-geral possa solicitar novas diligências para apurar o envolvimento de Berzoini no escândalo.
"As informações que subsidiam o processo não precisam estar embasadas somente no inquérito. Os elementos, se não permitem de pronto a denúncia [contra Berzoini], podem gerar novas diligências", afirmou o deputado tucano.