A Polícia Federal (PF) notificou o Banco Central para localizar o titular da conta corrente de onde foram feitos os saques do dinheiro que seria usado para comprar o dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra.
De acordo com documentos em poder da PF e do Ministério Público, parte do dinheiro teve origem em um departamento interno do banco Bradesco, situado na rua Camaragibe, em São Paulo.
No inquérito constam cópia de três cintas de papel usadas para embalar maços de dinheiro. Nelas, há o logotipo do Bradesco, a inscrição R$ 5 mil e o carimbo "3752" (que se descobriu ser o número de um dos departamentos da agência paulista). Ou seja, pelo menos R$ 15 mil dos R$ 1,16 milhão saíram do local.
No entanto, o departamento em questão não realiza saques. Ele lida com "numerário", o que significa que o setor é responsável por abastecer com dinheiro as agências e os postos de atendimento do banco.
A PF também tem cintas do BankBoston (com o nome "Cinthia") e do Safra, além de fitas de soma sem identificação. Por fim, há duas inscrições: "118 – Caxias" e "119 – Campo Grande", que ainda não foram identificadas.
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Serra: "Nunca existiu nenhum dossiê"
O candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, endureceu na sexta-feira (22) o tom das críticas ao PT, além de afirmar que não existe nenhum dossiê contra ele. "Esse escândalo representou uma grande baixaria que foi armada, e foi um tiro no pé do próprio PT, para alavancar uma candidatura estadual que já ia mal", declarou o tucano.
Questionado sobre o fato de Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos donos da Planam, ter recuado e afirmado, em depoimento prestado quinta-feira (21) à Polícia Federal, que Serra e o candidato da legenda à Presidência da República, Geraldo Alckmin, nada tinham a ver com a máfia das ambulâncias, o tucano disse que "não dá para falar em recuo". "Apenas não aconteceu nada daquilo que se dizia que tinha acontecido. Eu sempre disse que não existia dossiê", ressaltou.
Valdebran não deve nada para Vedoin, diz advogado
O advogado do empresário Valdebran Padilha, Luiz Antônio Lourenço da Silva, negou na última sexta-feira (22) que o cliente deva qualquer quantia em dinheiro a Luiz Antônio Trevisan Vedoin, dono da Planam. Segundo Lourenço, Vedoin e o ex-chefe do serviço de inteligência da campanha à reeleição do presidente Lula, Jorge Lorenzetti, estão querendo prejudicar Valdebran.
"É tudo mentira. Não tem nada de verdade nisso. Ele (Vedoin) vai ter que provar isso aí. E eu só vou me manifestar depois que tiver o depoimento na mão. Tudo vai ter que ser esclarecido, mas eu quero ler o que ele falou. E quero ver o que o Lorenzetti falou também", ressaltou o advogado.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, Valdebran afirmou que foi a São Paulo atendendo a pedido de Vedoin para verificar se o dinheiro oferecido pelo PT em troca do dossiê contra o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, realmente existia. Além disso, disse que foi escolhido por ser amigo de confiança da família.
O advogado reafirmou a versão de que o cliente fez apenas um favor a Vedoin e que não ganharia nenhum dinheiro por isso.
"Foi um pedido. E a colocação do Vedoin foi que a família estava sem dinheiro para pagar advogado (para defender a ele e ao pai, Darci, no processo sobre a máfia dos sanguessugas) e também para as despesas médicas de um parente doente", afirmou Lourenço.
Para Lourenço, apesar de ser um favor feito aos donos da Planam e da amizade com a família, Vedoin quis prejudicar Valdebran no depoimento, assim como Lorenzetti. Entretanto, o advogado não soube explicar o porquê disso.
"É isso o que eu quero descobrir. Agora, dívida não é porque o Valdebran não deve a ele (Vedoin). Nem a ele nem a ninguém", declarou.
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