Receptor dos e-mails com arquivos contendo o dossiê “anti-FHC”, o servidor público André Fernandes, lotado na segunda vice-presidência do Senado e assessor do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) presta depoimento neste momento na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. Na última quinta-feira (8), a imprensa divulgou que André recebeu e-mails enviados pelo secretário de Controle Interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes, com informações sobre gastos com cartão corporativo por parte do governo Fernando Henrique Cardoso.
O Congresso em Foco apurou que era grande a movimentação na Superintendência para a realização do depoimento, a portas fechadas, com a presença maciça da mídia e forte aparato de segurança para assegurar, nas dependências da PF, a privacidade do depoente. O delegado responsável pelo inquérito sobre o vazamento do dossiê – que implica crime de violação de sigilo institucional –, Sérgio Menezes, está propenso a interrogar José Aparecido, que teria sido a origem do vazamento. As investigações sobre o caso foram prorrogadas por 60 dias.
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Um cruzamento de dados das investigações em curso tanto na PF quanto na sindicância interna instaurada na Casa Civil revelou que, em fevereiro deste ano, foi anexada em um dos e-mails compartilhados entre José Aparecido e André Fernandes uma planilha com 28 páginas sobre gastos de FHC, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e de ministros do governo à época. A produção do dossiê teria sido ordenada pela secretária-executiva da secretaria especial e “braço-direito” da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), Erenice Guerra.
Hoje (8), o senador Álvaro Dias informou que seu assessor se pôs à disposição da CPI Mista dos Cartões Corporativos para falar sobre a troca de e-mails com informações sigilosas. Segundo o tucano, não há crime na divulgação do documento à imprensa, mas sim no fato de ele ter sido emitido por um servidor do Executivo, no exercício de suas atribuições institucionais (leia).
Ecos
O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou há pouco não ser necessária uma acareação entre José Aparecido e André Fernandes. Para ele, "até agora" não houve contradição entre as declarações de ambos. Garibaldi disse ainda ser igualmente desnecessária uma sabatina de Álvaro Dias na CPI dos Cartões, uma vez que o senador não participou ativamente do episódio nem cometeu crime ao divulgar o dossiê à imprensa.
Em relação ao depoimento de André Fernandes na PF, o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse à reportagem que é aconselhável o depoimento à polícia antes mesmo de ser feito na CPI. "É bom que a Polícia Federal disponha de todos os elementos sobre os fatos relativos ao vazamento e à produção do dossiê. Isso serve para dar confiabilidade ao resultado de seu laudo", comentou. (Fábio Góis)
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