É o que mostra, entre outras coisas, levantamento de pesquisadores da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (Dapp) da Fundação Getulio Vargas (FGV). No período analisado pela FGV, Doria teve 319.364 interações com internautas, movimentação 14 vezes mais intensa do que a que foi verificada em nome de seu principal padrinho político, Alckmin, e 53 vezes maior do que a de outro forte “cabo eleitoral” tucano, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
Para chegar às informações, a FGV analisou 4 milhões de interações nas redes sociais entre os dias 1º e 27 de março. Entenda-se por interação, nessa pesquisa da FGV, a quantidade de compartilhamentos feitos por usuários das redes, método mais “quente” do que aquele que leva em conta apenas o número de seguidores de cada figura política com perfil ativo – afinal, não se pode ter certeza de que todos os seguidores de determinada personagem estejam ativos em tal período.
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O trabalho consultou figuras que trabalharam pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, segundo tais personagens, o prefeito tucano é o único mandatário com hêxito na tarefa de acumular capital político por meio de redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram. As informações foram publicadas em reportagem do jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (5).
Mas a pesquisa da FGV faz ressalvas acerca do desempenho do tucano nas redes sociais. A entidade alega que não é possível cravar que a novidade personificada em Doria é uma espécie de fenômeno momentâneo ou um fator com força suficiente para influenciar os rumos da política nacional até as eleições gerais de 2018. Além disso, observa o levantamento, a popularidade de Doria em meio virtual é muito concentrada entre os eleitores paulistas. Tanto Doria quanto Alckmin, Aécio e Bolsonaro são nomes mencionados para a corrida presidencial do próximo ano.
Fator Bolsonaro
Outro fenômeno que surge das redes é a presença do deputado – e, ao menos por ora, presidenciável – Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que figura com mais interações que Alckmin no estudo da FGV, mas abaixo de Doria. Foram detectadas 252.294 interações de Bolsonaro no período analisado. Ainda segundo a FGV, todos os políticos no exercício do mandato têm menos interações do que grupos pró-impeachment como Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua.
“Após comprometer seriamente a reputação e a capacidade de organização do campo vinculado aos governos Lula e Dilma, a Operação Lava Jato desgasta agora a imagem e o poder eleitoral das forças que comandaram o impeachment, notadamente o PSDB. Neste momento […], Doria é o único ator que vem obtendo sucesso em acumular capital político nas redes sociais”, conclui o levantamento.
Diretor da FGV Dapp, o sociólogo Marco Aurelio Ruediger diz que a destreza demonstrada pela equipe de Doria na operação das plataformas virtuais é “muito superior” àquela que se vê nos demais personagens. “Isso dá a ele uma vantagem, um atalho, em relação aos políticos que estão estabelecidos há muito tempo”, pondera Ruediger.