Em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, um dos sócios do laboratório Labogen, Leonardo Meirelles, afirmou nesta quarta-feira (2) que o doleiro Alberto Youssef não tem participação societária na empresa. Youssef foi preso em março último na Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para desbaratar esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
Meirelles prestou depoimento em processo instaurado no conselho contra o deputado federal André-Vargas (ex-PT-PR), suspeito de envolvimento com Youssef em negócios ilícitos. O empresário admitiu que o doleiro aplicou R$ 3 milhões, no período de três anos, como um dos investidores na construção da nova fábrica do laboratório, concluída em fevereiro deste ano.
“Youssef nunca foi meu sócio e não é meu sócio”, destacou. Meirelles admitiu também que, entre 2009 e 2011, o doleiro usou a conta do laboratório para operações com empresas estrangeiras. Segundo ele, Youssef recebia comissão equivalente a 1% dos negócios fechados.
Orientado por advogado, o sócio do Labogen não assinou o termo de compromisso que o obrigava a responder todas as perguntas feitas no colegiado. Ao ser questionado, por exemplo, sobre o objetivo do doleiro no uso da conta da empresa, Meirelles se recusou a responder. Informou que Youssef participou, na condição de investidor, de algumas reuniões do conselho de gestão do Labogen.
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Contrato
A PF investiga se o laboratório é uma empresa de fachada do doleiro. André Vargas teria atuado em favor do Labogen na assinatura de um contrato com o Ministério da Saúde. “Nunca houve acerto financeiro com o parlamentar”, disse Meirelles. Mas ele declarou ter procurado o deputado por indicação do doleiro.
PublicidadeMeirelles disse que Vargas intermediou o contato do Labogen com o Ministério da Saúde. “A tratativa foi com deputado, para quem coloquei que era um bom projeto para o país e que tínhamos condições de fazer dentro do prazo e fomos encaminhados para secretaria de insumos estratégicos do ministério”. Negou ter participado de uma reunião em que o ex-petista e Youssef estivessem ao mesmo tempo. Também no Conselho de Ética, outro sócio do Labogen, Esdras Ferreira, seguiu orientação de advogado e não respondeu perguntas formuladas pelos parlamentares.
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