O Ministério Público Federal no Ceará concluiu que o dinheiro transportado na cueca e em uma mala pelo ex-assessor parlamentar petista José Adalberto Vieira da Silva era propina proveniente de um contrato de financiamento em investigação, de R$ 300 milhões, fechado entre o Banco do Nordeste (BNB) e o consórcio Alusa/Sistema de Transmissão do Nordeste (STN).
José Adalberto foi preso no dia 8 de julho no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pela Polícia Federal, ao ser flagrado transportando US$ 100 mil (cerca de R$ 252 mil) e R$ 200 mil em dinheiro. Parte do dinheiro estava guardada na cueca de Vieira. Ele é assessor do líder do PT na Assembléia Legislativa do Ceará, deputado José Nobre Guimarães, irmão do ex-presidente nacional do partido José Genoino.
Após quase seis meses de investigação, os procuradores Márcio Andrade Torres e Alexandre Meireles Marques denunciaram, por suposta improbidade administrativa, o presidente do BNB, Robert Smith, e outros quatro dirigentes da instituição. A ação penal tramita na 10ª Vara Federal de Fortaleza. Além do próprio José Adalberto, também foram denunciados o ex-assessor especial da presidência do BNB Kennedy Moura Ramos e o irmão de Genoino.
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Em nota, o Ministério Público Federal afirma que houve "omissão" do presidente do banco. Smith e os outros quatro dirigentes da instituição teriam "aprovado a operação (de empréstimo ao) STN, não obstante as irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU)".
O deputado e seu ex-assessor aparecem na denúncia como supostos beneficiários do contrato. O parlamentar, que foi presidente do PT cearense por oito anos, seria o responsável pela indicação de Ramos à assessoria especial da presidência do BNB. No cargo, o ex-assessor teria intermediado o financiamento com o banco.
O contrato fechado entre a instituição e o consórcio Alusa/STN prevê a construção de uma linha de transmissão de energia elétrica entre Teresina (PI) e Fortaleza (CE).
O BNB, por meio de sua assessoria, informou que só se pronunciará sobre o caso após conhecer o teor oficial da ação proposta pelo Ministério Público. Sobre o financiamento, o banco afirma que "não há qualquer desvio" de verba pública e que os recursos "vêm sendo corretamente aplicados no empreendimento financiado, estando a obra em fase final de conclusão". Segundo o BNB, a obra será inaugurada em janeiro.
Também por meio de nota oficial, o consórcio Alusa/STN repudiou as suspeitas levantadas pelo Ministério Público Federal. "As informações feitas no texto enviado à imprensa são um amontoado de ilações que não têm qualquer conexão com a realidade."
José Nobre classificou a suspeita dos procuradores como um fato absolutamente absurdo. Para o petista, o objetivo da denúncia é "prejudicar o PT e incriminar o partido".