Fábio Góis
De olho no quadro quase caótico da política brasiliense, provocado pelo mensalão do Arruda, o PT joga suas fichas na realização de prévias, em 21 de março, que decidirão o nome do candidato do partido ao governo do Distrito Federal. Nos bastidores, dois nomes despontam como favoritos para a escolha dos petistas, que não chegaram ao consenso sobre a sucessão de Arruda: o deputado Geraldo Magela (PT-DF) e o ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz.
O contexto de divisão interna atrapalhou o acordo pré-aprovado em 2009, quando o partido demonstrava unidade em torno do ex-ministro. Mas o próprio Magela quebrou o entendimento: Agnelo deixaria o PCdoB, como o fez, e se filiaria ao PT com a promessa de que seria indicado oficialmente pelo partido. Uma vez filiado, Agnelo viu o acerto ir por terra, e terá de enfrentar Magela nas prévias.
“O ideal seria cumprir o acordo feito no ano passado, com a unidade do partido. Nós já poderíamos estar nos apresentando à sociedade, fechando a composição com os partidos aliados. Mas temos que tratar com a realidade”, disse à Folha Online o presidente do PT no Distrito Federal, Roberto Policarpo, acrescentando que, a partir do dia 21, o candidato petista para as eleições de outubro será anunciado.
Segundo Policarpo, será justamente a crise política instalada no DF o mote usado pelo PT para convencer a população sobre a necessidade de mudança. “Esse debate [a crise] vai ser central na campanha. O nosso maior desafio é resgatar a confiança da população”, disse o dirigente, para quem a cidade está “chocada” com o cenário político da capital.
Já Magela alega que a quebra de acordo foi resultado de “apelo” de petistas para que entrasse na disputa. Segundo o deputado, o PT vai voltar ao “sonho” de governar o DF.
“Sei que podemos derrotar os representantes da corrupção no DF. Já fizemos isto, uma vez, quando só não assumimos o governo graças à fraude. Penso que o desafio de limpar nossa cidade da corrupção e fincar a bandeira do PT no Planalto Central deve motivar todos nós, agora”, disse Magela, que chegou a cogitar a disputa ao Senado em nome da “unidade” da legenda, mas uma negociação feita “pelas costas” o fez quebrar o acordo sobre Agnelo.