O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, defendeu o arquivamento do inquérito que apura a suspeita de que o presidente Michel Temer recebeu propina em troca da edição de um decreto em favor da empresa Rodrimar, que opera no porto de Santos (SP). Em entrevista à Reuters, Segóvia afirmou que a PF não encontrou provas de irregularidades envolvendo o presidente.
“No final a gente pode até concluir que não houve crime. Porque ali, em tese, o que a gente tem visto, nos depoimentos as pessoas têm reiteradamente confirmado que não houve nenhum tipo de corrupção, não há indícios de qualquer tipo de recurso ou dinheiro envolvidos. Há muitas conversas e poucas afirmações que levem realmente a que haja um crime”, declarou aos repórteres Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito.
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Segundo o diretor, a tendência é que a Polícia Federal recomende o arquivamento do caso. Mas a Procuradoria Geral da República pode aceitar ou não essa recomendação.
Segóvia disse que não há indícios de que a Rodrimar tenha sido beneficiada pelo decreto, editado em 2017, nem que tenha havido oferta de propina. A PF apura se a medida que ampliou para 35 anos as concessões do setor favoreceu a empresa. Além de Temer, são investigados o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures, o presidente da Rodrimar, Antônio Grecco, e o diretor da empresa Ricardo Mesquita.
Este é o único inquérito em andamento no Supremo Tribunal Federal contra Temer. No ano passado, a Câmara barrou o andamento de duas denúncias criminais contra o presidente relacionadas à delação do Grupo J&F. Esses casos só voltarão a tramitar depois que o emedebista deixar a Presidência.
Na entrevista, o diretor da PF admitiu a possibilidade de abrir investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelos questionamentos enviados a Temer no caso. A defesa não gostou das perguntas e alegou que elas põem em xeque a “honorabilidade e a dignidade pessoal” do presidente.
Segóvia foi nomeado por Temer para o comando da PF em novembro. Sua indicação foi criticada por delegados e políticos que questionaram sua ligação com o ex-presidente José Sarney e o MDB do Maranhão. Ele foi superintendente da Polícia Federal no estado.
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