Leia também
Segundo Dirceu, nenhum brasileiro foi alvo de campanha difamatória tão intensa quanto ele nos últimos oito anos, desde as primeiras denúncias do mensalão. “Infelizmente, fui transformado no principal alvo do ódio e da inveja de setores da elite do país que não se conformam com a ascensão de Lula”, declarou. “Acabei sendo escolhido para ser o símbolo de todo esse ressentimento, mágoa, inveja, ódio que procuram disseminar contra nós”, acrescentou em entrevista à Fundação Perseu Abramo, centro de estudos do PT.
Por cerca de uma hora e meia, Dirceu foi entrevistado pelo economista Márcio Pochmann, atual presidente da fundação. Nos três primeiros blocos do programa, o ex-ministro falou sobre seus quase 50 anos de militância política e defendeu as conquistas sociais e econômicas dos governos Lula e Dilma. Instigado, na parte final do programa, a comentar sobre o julgamento a que foi submetido, o ex-ministro disse que foi condenado, tanto pela Justiça quanto pelos veículos de comunicação, sem ter direito a defesa.
“Evidentemente que cometi muitos erros. Sou responsável por muitos desses erros. Mas não dos que me acusam. Esses, jamais”, declarou. “Tenho consciência tranquila de que fiz o que tinha de fazer. Continuei sendo o que sempre fui. Não mudei por causa do que fizeram comigo”, emendou.
“Exilado”
Dirceu reclamou que foi alvo de perseguições por ter voltado a atuar como consultor jurídico. Mas, segundo ele, não lhe restava outra opção, já que seus direitos políticos foram suspensos com a cassação na Câmara. “Não deixei de ser militante, não deixei atividade partidária. Fizeram de tudo para eu viver como exilado no país”, disse.
PublicidadeO ex-ministro afirmou ainda que apelará às cortes internacionais de direitos humanos caso os ministros não aceitem seu pedido de revisão do processo. Ele adiantou, ainda, que continuará sua militância política, mesmo que venha a ser preso. “Minha natureza é política. Vou continuar sendo sempre o Zé Dirceu militante do PT”, afirmou na entrevista à Fundação Perseu Abramo.
Em novembro do ano passado, os ministros definiram a pena de Dirceu: dez anos e dez meses de prisão, além do pagamento de 260 dias multa. O ex-ministro da Casa Civil foi condenado pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Caso seja preso, terá de cumprir pelo menos 21 meses em regime fechado, só podendo pedir progressão a partir do segundo ano na cadeia. Na semana passada, os ministros recusaram as contestações da defesa. Eles devem definir amanhã se aceitam ou não os chamados embargos infringentes, tipo de recurso que permitirá, na prática, a reabertura de parte do julgamento.